Desde o início do conflito, os custos de importação de fertilizantes dispararam
Luciano Rocha
Desde o início do conflito, os custos de importação de fertilizantes dispararam


Como diz o provérbio, o brasileiro nunca desiste. Cansado de esperar por uma solução do poder público, um agricultor baiano decidiu agir para enfrentar a crise decorrente da dependência de importação de fertilizantes, agravada desde o início do conflito entre Rússia e Ucrânia .

Privatizações e a falta de uma visão estratégica quase nos colocaram em uma encruzilhada dependente completamente do mercado externo, o que poderia ter impactos significativos no país. Justamente o bom desempenho do agronegócio foi o que impulsionou o crescimento econômico do Brasil em 2023.


Desde o início do conflito, os custos de importação dispararam. No entanto, o cenário poderia ter sido ainda mais sombrio, com previsões iniciais indicando a possibilidade de escassez do produto se o conflito inviabilizasse a rota marítima ou interrompesse a produção do princípio ativo Cloreto de Potássio (KCL) comercializado pela Rússia e Bielorrússia. Nesse caso, todo o suprimento teria que ser deslocado para o Canadá, que, sozinho, não teria como atender à demanda mundial.

Risco de depender

A incerteza acendeu o sinal de alerta entre os produtores agrícolas brasileiros, pois o país é altamente dependente. Determinado a não passar por mais sobressaltos desse tipo, o agricultor Lucas Stracci encontrou uma solução caseira. Ele substituiu os fertilizantes importados por uma customização e adaptação de um princípio brasileiro fabricado em Minas Gerais pela empresa agrícola Verde Agritech. Por meio de processos tecnológicos, o BAKS combina nutrientes como potássio, nitrogênio, fósforo, enxofre elementar, boro, cobre, zinco e manganês, adaptável a diversas culturas.

"Os produtos tecnológicos são aliados da agricultura nos dias atuais, e poder contar com um fertilizante multinutriente, incluindo o enxofre elementar", afirma Stracci.

O fertilizante nacional atendeu às necessidades da pecuária e das culturas de soja e milho na Fazenda Ana Terra, em São Desidério, na Bahia, cobrindo 3,5 mil hectares. Além disso, proporcionou uma redução de 12% nos custos.

"Vi que havia no Brasil um produto superior que oferecia ganhos para a lavoura e não impactava negativamente o solo", relata Stracci.

O caminho trilhado pelo agricultor baiano está sendo seguido por outros produtores. Para facilitar a logística de entrega, a fabricante obteve autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para construir um ramal ferroviário conectado à malha da Ferrovia Centro Atlântica (FCA). Isso possibilitará o transporte do fertilizante brasileiro para as principais regiões agrícolas do país, reduzindo a pegada de carbono tanto da empresa fabricante quanto dos agricultores.

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