Brasil mantém-se na lista dos países que mais jogam comida no lixo
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Brasil mantém-se na lista dos países que mais jogam comida no lixo


A redução das perdas pode compensar a estimativa de diminuição na safra brasileira em 2024, impactada pelas mudanças climáticas, especialmente pelos fenômenos de chuvas mal distribuídas e temperaturas elevadas. Conforme a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção nacional deverá ser reduzida em 13,5 milhões de toneladas. Enquanto isso, os cálculos do World Resources Institute (WRI) revelam que, em 2023, mais de 41 mil toneladas de alimentos foram desperdiçadas no país que ainda convive com pessoas passando fome.

Apesar de ser um dos grandes provedores globais de alimentos, o Brasil mantém a décima posição no ranking mundial do desperdício. De acordo com relatório da ONU, o país perde mais de R$61 bilhões anualmente. As perdas expressivas ocorrem em todas as fases da cadeia alimentar, desde a produção até o consumidor final, sendo notáveis nos processos logísticos, atravessadores, supermercados. Já entre as pontas, somente o segmento de bares e restaurantes é responsáveis por 15% do desperdício total no Brasil.


"Todos os dias, os principais centros atacadistas de alimentos recebem itens do campo que acabam perdendo a validade rapidamente. Sem um controle eficiente de oferta e demanda, podem ser adquiridos em excesso ou, se a demanda não for suficiente, perdem sua validade sem serem comprados. Uma solução para esse problema é a conexão direta entre agricultores e restaurantes, alinhando a oferta e a demanda, proporcionando uma relação mais eficiente para ambas as partes", explica Otávio Pimentel, Country Manager da Frubana, uma foodtech especializada na utilização de tecnologia para conectar pequenos produtores a restaurantes.

Alimentos perdidos pelo caminho

De acordo com o último relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), a fase logística pode dar uma significativa contribuição, reduzindo suas perdas em até 70%.

"Atualmente, os donos de restaurantes e bares precisam visitar centros atacadistas a cada dois dias, além de implementar sistemas automatizados de gerenciamento de estoque. Isso não apenas reduz custos, mas também permite a criação de rotas de distribuição mais eficientes, evitando deslocamentos desnecessários e a espera nas prateleiras até o vencimento do prazo de validade", acrescenta o executivo.

Uma administração mais eficiente não apenas reduz drasticamente os custos, mas também contribui para a construção de uma imagem positiva. Segundo uma pesquisa da InnovaPack, 74% dos consumidores já deixaram de frequentar bares ou restaurantes ao tomar conhecimento da falta de compromisso desses estabelecimentos com práticas sustentáveis.

"Hoje em dia, os consumidores se preocupam com a qualidade e estabelecem conexões com marcas que demonstram consciência ambiental e sustentabilidade. Para atender a essa demanda, os estabelecimentos precisam intensificar sua transparência operacional e integração com fornecedores e produtos de boa procedência", destaca Pimentel.

Entretanto, é ineficaz cobrar responsabilidade apenas dos bares e restaurantes, quando os consumidores não adotam práticas conscientes, como levar para casa o restante da comida ou encontrar alternativas sustentáveis ao invés de descartar alimentos em casa. É fundamental que os consumidores também se comprometam com a redução de perdas, evitando o esquecimento de alimentos que se deterioram em seus armários e geladeiras.

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