Se vale mais a floresta em pé, por que continuam destruindo?
Divulgação/Agência Brasil
Se vale mais a floresta em pé, por que continuam destruindo?


Não resta a menor dúvida de que o valor das florestas em pé é significativamente maior do que sua devastação. No entanto, a cobiça, o descontrole, a impunidade, a permissividade e a falta de visão de médio prazo continuam a alimentar uma série de crimes ambientais. Na região da Amazônia, essas agressões à natureza incluem grilagem, invasão de terras, desmatamento, queimadas, contaminação, invasão de territórios indígenas e outros povos da floresta, além da extração ilegal de minérios e outros recursos naturais de forma não sustentável. 


Um estudo recente conduzido pela Embrapa revela que a fórmula aplicada no programa de compensação pelos serviços ambientais prestados pelos chamados “guardiões da mata” pode ser replicada para outras atividades. Essa abordagem gera renda para as comunidades, ao mesmo tempo em que promove a conservação ambiental e enfrenta os desafios das mudanças climáticas.  

“É fundamental para tornar o manejo florestal economicamente competitivo em relação a atividades dependentes do desmatamento, viabilizando assim a conservação da floresta em pé”, afirma a pesquisadora da Embrapa Patrícia da Costa

Além disso, o estudo também destaca o poder econômico da castanha-da-amazônia. Comunidades agroextrativistas têm desenvolvido práticas sustentáveis em torno dessa cultura, contribuindo para a preservação da floresta e gerando benefícios econômicos. 

Castanheira-do-Brasil: conservação e potencial econômico na Amazônia 

castanheira-do-Brasil  (Bertholletia excelsa), também conhecida como castanheira-do-Pará, desempenha um papel crucial na conservação da Amazônia.  

“Ela está presente em cerca de 32% do bioma, 2,3 milhões de km², aproximadamente. Além de seu valor ecológico, a castanheira contribui significativamente para processos ecossistêmicos, como o armazenamento de carbono, o ciclo hidrológico, a ciclagem de nutrientes e a manutenção da biodiversidade”, explica Marcelino Guedes, pesquisador da Embrapa. 

São vários impactos ambientais provocados por essa espécie.  

Ciclo hidrológico:  as raízes profundas das castanheiras ajudam a regular o fluxo de água no solo e nos rios. 

Ciclagem de nutrientes:  a decomposição das folhas e frutos da castanheira enriquece o solo com nutrientes essenciais. 

Manutenção da biodiversidade:  a presença da castanheira sustenta uma variedade de espécies, incluindo orquídeas e insetos polinizadores. 

“A longevidade das castanheiras permite que esse carbono seja armazenado por um longo período, entre 300 e 400 anos”, complementa a cientista da Embrapa Carolina Castilho

Os estudiosos também analisaram os impactos dos  pagamentos por serviços ambientais (PSA)  e do  mecanismo de redução de emissões provenientes de desmatamento e degradação florestal (REDD+) . Essas estratégias podem ser aplicadas não apenas ao extrativismo da castanheira, mas também a outras culturas naturais da Amazônia e até mesmo adaptadas para outros biomas. 

Embora o recorte da pesquisa tenha sido o extrativismo da castanheira, sua lógica econômica e preservacionista pode ser aplicada a outras culturas naturais da Amazônia ou até mesmo ser adaptado para outros biomas. 

“É importante perceber o potencial de mercados para produtos tradicionais, como mel e sementes florestais, no reflorestamento, bem como a possibilidade de criar novos mercados a partir dos recursos biológicos da floresta”, explica o pesquisador da Embrapa Marcelino Guedes

A exploração sustentável dos recursos biológicos da floresta pode criar novas oportunidades econômicas, contribuindo para a conservação da castanheira e de outras espécies ameaçadas. 

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