A reunião entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros nesta quinta-feira (14) teve tom de cobrança e busca por soluções para baratear o preço do arroz, do feijão e de outros itens da cesta básica. O presidente apresentou uma solução, que foi vista com bons olhos pelo ministro da Agricultura Carlos Fávaro (PSD) e também com o ministro do Desenvolvimento Agrágrio e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT).
Fontes ouvidas pelo Portal IG confirmaram que o início da reunião foi de tensão porque Lula quis saber o motivo da alta no preço de alimentos, principalmente do arroz. Os valores já estão em alta desde novembro do ano passado e atingiram o ápice em janeiro. Paulo Teixeira foi o responsável por explicar que o pior já passou e que nas próximas semanas os valores devem cair.
Em conversa com a Agência Brasil, após a reunião, ele confirmou o teor da conclusão. “É uma preocupação do presidente que a comida chegue barata na mesa do povo brasileiro. Todas as evidências é que já baixou. Teve uma diminuição de preço ao produtor e terá uma diminuição ainda maior de preços ao produtor”, afirmou o ministro.
Também para a Agência Brasil, Carlos Fávaro explicou a situação. “O Rio Grande do Sul produz praticamente 85% do arroz consumido no Brasil e tivemos enchentes no Rio Grande do Sul exatamente nas áreas produtoras, o que deu certa instabilidade. O fato é que estamos com a colheita em torno de 10% no Rio Grande do Sul e os preços aos produtores já desceram de R$ 120 para em torno de R$ 100 a saca. O que esperamos é que se transfira essa baixa dos preços, os atacadistas abaixem também na gôndola do supermercado, que é onde as pessoas compram”.
Ele ainda mandou um recado para os empresários da área. “A gente espera, então, que com o caminhar da colheita, que chegamos a 50% e 60% nos próximos dias, da colheita de arroz, esse preço ainda ceda um pouco mais”.
Embora a explicação tenha convencido Lula, o presidente cobrou resultados. O petista afirmou a seus ministros que não quer outra crise desse patamar no final de 2024 e exigiu soluções para a próxima safra. A sugestão dele foi que o governo passe a investir em estoque público. Isso significa que a administração compraria milhares de toneladas de arroz, feijão e outros produtos, no momento da colheita e revenderia no período de baixa, controlando assim o preço do mercado.
Em termos práticos, isso é uma interferência do governo para regular o mercado e ocorre frequentemente para controlar o preço do dólar. Lula já havia defendido essa atitude com o arroz em 2022, após a maior alta da história, sob a gestão de Jair Bolsonaro (PL), entre o final de 2021 e início de 2022. O próprio presidente questionou seus ministros porque a atitude não foi colocada em prática desde o primeiro dia de mandato.
Os ministros explicaram que houve a compra, mas foi insuficiente para impedir o crescimento do preço dos alimentos, mas lembraram que os valores ficaram abaixo do patamar de 2021/2022. Ainda assim, a determinação ao final da reunião é que o estoque, principalmente do arroz e feijão, itens indispensáveis na cesta básica, seja o suficiente para impedir nova explosão de preços.