Tarcísio de Freitas não consegue emplacar projetos simples e deve ter dificuldade em votações de reformas estruturantes
Divulgação/Alesp - 1º/01/23
Tarcísio de Freitas não consegue emplacar projetos simples e deve ter dificuldade em votações de reformas estruturantes

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), continua a peregrinação para conseguir conquistar sua base na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), mas vê o afastamento cada vez maior dos deputados. A falta de articulação e a dificuldade de cumprir promessas têm incomodado os parlamentares, que prometem segurar todas as votações de interesse do Palácio dos Bandeirantes.

Nesta semana, a Alesp impôs duas derrotas importantes ao governo. Na terça-feira (29), deputados da base governista não deram quórum para Tarcísio na votação que previa o aumento das custas judiciais do Tribunal de Justiça.

Ao discutirem o rito de votação proposto pela liderança do governo, 41 parlamentares foram favoráveis e outros três, da própria base, votaram contrários. Partidos que compõem a bancada aliada de Tarcísio, como PSDB, Novo e PSD, optaram pela obstrução.

Já nesta quarta-feira (30), deputados fizeram um acordo para adiar a votação para inclusão de São Paulo ao Consócio de Integração Sul-Sudeste (Cosud), que está na pauta da Alesp há pelo menos 15 dias. O projeto é um dos principais interesses de Tarcísio no momento, mas o Palácio não conseguiu ter quórum e empurrou a votação para a próxima semana ou para a sessão do dia 12 de setembro.

Deputados da base governista confidenciaram à coluna que a insatisfação com Tarcísio tem aumentado nas últimas semanas. O governador não tem cumprido com promessas de liberação de emendas e cargos, o que incomodou os parlamentares.

O Palácio prometeu R$ 10 milhões em emendas para cada deputado, chegou a pedir as indicações, mas não conseguiu disponibilizar nenhum valor até o momento. Já partidos como PSDB e União Brasil pediram cargos de segundo e terceiro escalão no Bandeirantes, mas o processo continua em negociação. 

Os tucanos ficaram revoltados com as perdas de cargos na Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) e cobram um aceno de Tarcísio à legenda. União, por sua vez, deve indicar as diretorias regionais da CDHU, cargos antes ocupados por indicações do PSDB.  

Outra reclamação é a falta de articulação do líder de governo, Jorge Wilson – Xerife do Consumidor (Republicanos). Na votação de terça, Wilson precisou ‘implorar’ para conseguir colocar 24 deputados no plenário.

Segundo deputados ouvidos pelo iG, o líder não consegue reunir a bancada e não envia recados sobre as insatisfações dos parlamentares ao governador.

Cartão de crédito sem limite

Até então, os projetos de Tarcísio eram financiados pelo presidente da Alesp, André do Prado (PL), e pelo líder do PL, Carlos Cezar, que faz vez na liderança do governo. Entretanto, os cartões de crédito de ambos já não passam mais entre os deputados.

Nos bastidores, Carlos Cezar era visto como o ‘cartão Platinum’, tinha um certo limite, mas que se esgotou com o desgaste do governo com as votações do Cosud e do TJ. Já André do Prado tinha ‘cartão Black’, mas o investimento feito por ele em projetos do primeiro semestre e as falhas de Tarcísio com a base rebaixaram o crédito do presidente da Casa.

Os parlamentares devem retomar os trabalhos de votações após o feriado de 7 de setembro. Até lá, segundo os deputados, Tarcísio precisará se movimentar para manter a base.

Nos corredores é dada como certa a aprovação de São Paulo no Cosud, mas esse deverá ser o último projeto de interesse de Tarcísio que passará pela Casa. Os parlamentares afirmam que propostas estruturantes, como Reforma Administrativa e o remanejamento do orçamento da Educação, não devem ser colocadas em pauta até uma sinalização concreta do governador.  

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