O governo Lula está dividido em relação a um vídeo em que o jornalista Caiã Messina, da TV Bandeirantes, é visto avisando ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) que a entrevista era "entre amigos". O vídeo, que foi gravado em 2019, tem gerado diferentes opiniões dentro do governo.
Uma ala defende que o Planalto cobre publicamente uma atitude da Band em relação ao comportamento do seu funcionário. No entanto, outro grupo argumenta que a emissora tem uma postura governista e mantém boa relação com o governo federal, o que poderia tornar essa cobrança desnecessária.
O ministro Márcio França e o deputado federal Guilherme Boulos, ambos com boas relações com o apresentador José Luiz Datena, defendem que o governo Lula ignore o vídeo de 2019, considerando o episódio como uma questão pessoal do jornalista.
Por outro lado, há uma ala do Planalto que considera que o comportamento de Caiã ultrapassou os limites aceitáveis.
Até o momento, o ministro da Secom, Paulo Pimenta, optou por não fazer qualquer cobrança à Band. Ele acredita que a posição do jornalista foi pessoal e que não é função do governo federal interferir na linha editorial de nenhum canal.
No entanto, Pimenta também deixou claro que não irá aconselhar ninguém sobre o tema, permitindo que cada indivíduo no governo tenha total liberdade para ignorar ou criticar o ocorrido.
Entendendo o caso
O vídeo em questão foi gravado pouco antes de uma entrevista exclusiva do então presidente Jair Bolsonaro, em 30 de outubro de 2019, com Caiã Messina, da Band. Nas imagens, o jornalista avisa ao político que ele está "entre amigos", revelando que tanto ele quanto o cinegrafista haviam votado em Bolsonaro nas eleições de 2018.
O vídeo foi divulgado pelo site DCM (Diário do Centro do Mundo) e mostra Bolsonaro sendo tranquilizado por Messina, que também expressa "vergonha" pelo comportamento de alguns colegas. Durante a entrevista, o ex-presidente é acompanhado pelo tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens.
A entrevista foi ao ar no Jornal da Band no mesmo dia e aconteceu em meio a investigações sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSO-RJ). O Jornal Nacional havia revelado informações sobre o caso, incluindo uma citação a Bolsonaro em um depoimento prestado à polícia pelo porteiro do condomínio na Barra da Tijuca, onde o político e Ronnie Lessa, acusado de assassinar Marielle, possuíam casas. Na entrevista, Bolsonaro repetiu suas críticas à Globo.