O ministro da Fazenda , Fernando Haddad (PT), está comemorando sua vitória política contra a deputada federal Gleisi Hoffmann , presidente nacional do PT . O ex-prefeito de São Paulo entrou numa queda de braço com a parlamentar nos bastidores para aumentar os impostos da gasolina e conseguiu convencer o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a seguir seu plano.
Nos últimos dias, surgiram informações que a ala política que apoia o governo federal era contra o aumento dos impostos e articulou para que Lula prorrogasse a desoneração até que fosse mudada a política de preços da Petrobras. O argumento era que a reoneração poderá fazer com que a inflação dispare e a popularidade da atual gestão diminua.
Já o grupo econômico bateu na tecla que é preciso encontrar recursos para que o rombo nas contas públicas seja menor do que foi previsto na PEC da Transição. Além disso, Haddad utilizou dados ambientais para convencer que o melhor caminho era cobrar impostos de gasolina.
Só que o ministro da Fazenda também se incomodou ao ser colocado apenas como uma figura técnica e não política. Na avaliação dele, o grupo liderado por Gleisi tentou transformá-lo em uma figura que não entende da importância da aprovação da população, como ocorreu com Henrique Meirelles na gestão Temer e Paulo Guedes no governo Bolsonaro.
Por conta disso, Haddad apresentou argumentos políticos para convencer Lula que o melhor caminho era voltar a cobrar os impostos. Um dos dados utilizados por ele é de que o Brasil não estará privilegiando o combustível fóssil, demonstrando comprometimento com o meio ambiente e, consequentemente, atraindo investidores internacionais.
Outro ponto abordado pelo ministro é o fato do seu projeto econômico estar sendo elogiado por boa parte do mercado financeiro e que, se Lula voltasse a prorrogar a desoneração, o colocaria numa posição de pouco prestígio no governo, levantando desconfiança dos empresários.
Haddad tem interesse político
Vencer Gleisi Hoffmann não é apenas demonstrar para o mercado financeiro que a pasta econômica tem prestígio com Lula. Haddad é tratado por várias lideranças do PT como um dos sucessores do atual presidente.
O ministro da Fazenda tem a consciência que um bom projeto econômico o colocará como favorito para representar o PT em 2026, caso Lula decida não concorrer à reeleição.
Haddad e Gleisi chegaram a conversar, mas pessoas próximas garantem que os dois seguirão tendo embates, porque possuem várias divergências políticas e econômicas.
Entre no canal do Último Segundo no Telegram e veja as principais notícias do dia no Brasil e no Mundo. Siga também o perfil geral do Portal iG.