Lira foi reeleito com 464 votos, recorde registrado em votação para o comando da Câmara
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Lira foi reeleito com 464 votos, recorde registrado em votação para o comando da Câmara

Em seu discurso de posse na reeleição para a presidência da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL) deixou um recado claro: ‘não há espaço na democracia para super-heróis’. A mensagem velada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi uma tentativa de mostrar seu poder para garantir a independência da Câmara sobre os outros poderes.

Realmente, Lira conseguiu articular 464 votos a favor de sua candidatura, um recorde já registrado para uma eleição. Ele, inclusive, desbancou outros dois concorrentes: os deputados Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Chico Alencar (PSOL-RJ).

A votação expressiva e a união de PL e PT em um bloco para sua eleição fazem de Lira um ‘super-herói’ na Câmara, mas para manter seu poder, vai precisar de Lula. Pelo menos é o que acreditam deputados ouvidos pela coluna.

“O Lira tem um poder de articulação maior, ele consegue convencer e sabe administrar a agenda. Aumenta o poder, mas será uma troca de mão-dupla. Planalto vai precisar de nós, e nós deles”, disse um deputado alinhado com Lira.

Arthur Lira foi o principal articulador de Bolsonaro entre 2020 e 2022, e deve ser protagonista nas negociações a favor de Lula. A cúpula petista conta o presidente da Câmara para formar maioria no Congresso Nacional.

“Lira é um político. Ele não tem lado. Ele é o Centro”, completou o parlamentar.

Quando o deputado diz que ‘Lira é o Centro’, ele se refere ao espectro político que se preocupa muito mais com o poder do que ideologia. O bloco de partidos participou de todos os governos, desde Fernando Collor de Mello, passando pelos quatro governos petistas e encerrando na gestão de Jair Bolsonaro.

As articulações serão fundamentais

O poder de Lira sobre Lula ainda será testado. Será necessário boas articulações do governo com a Câmara dos Deputados para saber qual será o nível de interferência do petista sobre o presidente da Casa e vice-versa.

Na visão dos congressistas, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, deverá ser mero coadjuvante nas interlocuções no Congresso. Embora saiba que terá influência nas negociações, o ritmo das pautas governistas será dado por Arthur Lira.

“Estamos apenas na primeira semana da retomada dos trabalhos. É cedo falar sobre poder de influência. Precisamos ver como Lula fará sua interlocução aqui e ver como o Lira vai gerir”, disse outro deputado do Centrão.

“Ele aumentou muito o poder dele sobre o Centrão. Ele é a cara do Centro. Mas Lula deve segurar qualquer tentativa de pressão dele sobre as agendas”, completou.

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