O South China Morning Post relatou que uma empresa multinacional sofreu um golpe de US$25,6 milhões (equivalente a R$127 milhões) por meio de deepfake. O diretor financeiro foi digitalmente recriado durante uma videoconferência, resultando em transferências fraudulentas. A investigação da polícia chinesa revelou que os golpistas foram capazes de recriar os participantes da reunião utilizando vídeos e áudios publicamente disponíveis.
Especialistas, incluindo João Mendes Miranda, alertam sobre a crescente ameaça e destacam a importância da educação em inteligência artificial (IA) para prevenir tais incidentes.
O perigo do deepfake: entenda e proteja-se
Deepfake são vídeos ou imagens manipuladas usando IA para criar representações falsas e realistas de pessoas, muitas vezes fazendo ou dizendo coisas que nunca fizeram. É a combinação de "deep learning" (aprendizado profundo) e "fake" (falso), dando a abertura para a criação de conteúdos enganosos como simulações de discursos falsos ou situações comprometedoras, com potencial para disseminar desinformação e causar danos à reputação das pessoas. O incidente ocorrido em Hong Kong destaca os perigos inerentes ao avanço da tecnologia e destaca a necessidade urgente de conscientização sobre os riscos associados.
Em resposta à crescente necessidade de capacitação em inteligência artificial tanto para o desenvolvimento de negócios quanto pelas ameaças representadas pelos golpes na internet, João Mendes Miranda criou a plataforma "Tudo pela Inteligência", oferecendo mais de 100 horas de educação em IA para capacitar indivíduos a se protegerem contra golpes online e promover uma sociedade mais informada.
A "tudo pela Inteligência" adota uma abordagem abrangente, integrando aulas, materiais suplementares e interação comunitária para transcender métodos educacionais convencionais. Demonstrando a implementação da IA em diversas profissões, desde as altamente técnicas até as mais tradicionais, a plataforma destaca a importância de investir em conhecimentos sobre IA. Essa preparação é essencial para tornar os profissionais mais atraentes para as empresas diante dos desafios futuros.
Miranda e outros especialistas convergem na visão de que a chave para prosperar na nova era é a educação e o desenvolvimento de habilidades relacionadas à IA. A "Tudo pela Inteligência" exemplifica como a educação e a inovação podem capacitar as pessoas a lidar com a ameaça dos golpes online. “Na era da inteligência artificial, não se trata apenas da tecnologia em si, mas de como a utilizamos para aprimorar a sociedade e capacitar os indivíduos em um mundo em constante evolução”, comenta João.
Identificar um golpe de deepfake pode ser desafiador, mas algumas dicas podem ajudar:
1. Análise facial: observe qualquer inconsistência nos movimentos faciais, expressões ou sincronização labial. Os deepfakes podem ter imperfeições nessas áreas.
2. Iluminação e sombras: preste atenção à iluminação no vídeo. Se as sombras no rosto não correspondem ao ambiente, pode ser um sinal de manipulação.
3. Qualidade da imagem: deepfakes podem apresentar artefatos visuais, bordas irregulares ou distorções. Uma qualidade de imagem inconsistentemente alta também pode ser suspeita.
4. Contexto: verifique o contexto do vídeo. Se algo parece fora do lugar ou não faz sentido com a situação geral, questione a autenticidade.
5. Movimentos corporais: avalie os movimentos do corpo em conjunto com as expressões faciais. Se houver discrepâncias, pode indicar manipulação.
6. Pesquise fontes confiáveis: verifique se o vídeo foi compartilhado por fontes confiáveis e autenticadas. Busque informações adicionais antes de tirar conclusões.
7. Edição profissional: deepfakes muitas vezes são criados com software de edição avançado. Se houver sinais de uma edição altamente sofisticada, isso pode ser um indício.
8. Comparação com mídia existente: compare o vídeo com outras mídias autênticas da pessoa em questão. Conhecer as características naturais da pessoa pode ajudar na detecção de discrepâncias.
“Lembre-se de que essas dicas não são infalíveis, e a tecnologia de deepfake continua a evoluir. É sempre recomendável abordar com cautela e verificar a autenticidade com fontes confiáveis, especialmente em situações críticas”, conclui o profissional.