Período colonial e o trabalho escravo
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Período colonial e o trabalho escravo


A pergunta que dá titulo a esse artigo é um convite à reflexão e uma provocação também, já que dirigida a todos os brasileiros, todos nós. Aqui por esses lados, parece ser especialmente fácil e simples privilegiar o atendimento de interesses pessoais em detrimento do interesse público.

Há quem aponte a nossa formação como a grande explicação para se ter em tão alta conta a criação e manutenção de privilégios pessoais. De fato, durante muito e muito tempo, quando ainda éramos uma colônia do império português, o próprio trabalho era mal visto, era coisa de homens escravizados.


E para manter esse estado de coisas também era necessário que os privilegiados seguissem gozando de tal condição. Assim, não trabalhar era sinal de inteligência e destacar-se do tratamento comum por meio do usufruto de benesses pessoais, era ainda mais brilhante, era a esperteza coroada de perspicácia.

Outro aspecto seria o chamado patrimonialismo estatal, uma forma de organização política onde a autoridade estatal é fundamentada principalmente no poder pessoal exercido pelo governante (ou corporação) sobre suas propriedades. Era algo mais comum nas monarquias, como, porém, a origem do  Brasil foi colonial, éramos um satélite de um império monarquista.

Desse modo, em terras brasileiras esse patrimonialismo se manifestou pela concessão de títulos e poderes quase absolutos aos senhores de terra. Isso deixou uma marca como uma espécie de prática político-administrativa em que o público e o privado não se distinguem perante as autoridades. 

Daí porque se entende como plenamente aceitável desde o período colonial (1500–1822), passando pelo período Imperial (1822–1889) e chegando à República Velha (1889–1930), a confusão entre o público e o privado. E isso perdura até hoje.

Essa formação realmente joga o seu papel para a constatação do que somos como país e como sociedade. Sem dúvida. No entanto, já passamos por tantas e variadas situações como povo, e todos esses processos poderiam (deveriam) servir como estímulo à mudança.

Seria pretensioso dar uma resposta final a uma questão tão central, tão intrínseca da nossa gente, da nossa formação, da nossa história, mas, mesmo correndo o risco do lugar-comum, tudo conduz a concluir ter faltado uma educação suficiente, de qualidade, intensa até, e também direcionada não apenas para o aprendizado formal das chamadas matérias regulares – matemática, português, geografia... –, todas de conhecimento mais do que necessário, porém também o aprendizado cívico.

Numa próxima reflexão abordaremos mais elementos dentro dessa temática. Para quem quiser acessar mais material meu e de outros pesquisadores, deixo aqui o  link do Instituto Convicção, do qual faço parte.

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