Os presidentes da República, Lula, e do Senado, Rodrigo Pacheco
Jefferson Rudy/Agência Senado - 01.01.23
Os presidentes da República, Lula, e do Senado, Rodrigo Pacheco

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vem apostando alto na vitória de Rodrigo Pacheco (PSD) para a presidência do Senado. Faltando apenas dois dias para as eleições , o Planalto atua em várias frentes para convencer senadores a votarem no aliado. Uma das estratégias do governo é colocar cargos de segundo e terceiro escalão como moeda de troca.

A coluna conversou com dois senadores que confirmaram reuniões com representantes de Lula nas últimas horas. Um deles explicou que o Planalto disponibilizou alguns cargos importantes de segundo e terceiro escalão, inclusive em estatais, para garantir a eleição de Pacheco. A intenção é entrar em campo e usar a máquina pública para impedir que o bolsonarismo comande o Senado .

Aliados de primeiro time do presidente confirmaram a estratégia, mas negaram se tratar de interferência em um dos poderes. "O PT apoia o Rodrigo Pacheco publicamente e o principal adversário do senador é bolsonarista, que quer continuar tumultuando a democracia. Não iremos permitir", diz um dos nomes fortes do partido se referindo a Rogério Marinho (PL).

Nos bastidores fala-se que a tendência é que Pacheco vença a disputa e que sempre foi assim, porém o nome de Marinho serviu para dar maior poder de barganha aos políticos. "Muitos senadores viram na candidatura de oposição a chance de aumentar o preço cobrado do governo e do próprio Rodrigo por um eventual voto", revela um parlamentar que está acompanhando de perto as campanhas.

Segundo ele, dificilmente Marinho conseguiria uma vitória por um motivo simples: Marinho não tem nada a oferecer a um grupo coeso de senadores. "Tudo o que ele pode fazer é tentar criar dificuldades ao governo Lula e ao STF (Supremo Tribunal Federal)". Para a ala mais ideológica do novo Senado isso pode até ser tentador, mas para políticos de carreira o benefício é muito pequeno com um risco alto. "Por isso mesmo é que a maioria tende a negociar com o governo nas próximas horas", aposta.

A coluna já havia mostrado que não é apenas Lula quem está em campo por Pacheco, mas o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, também . Levantamento de especialistas que atuam nos corredores do poder em Brasília apontam que Pacheco deve ter entre 45 e 51 votos, enquanto Marinho caminha entre 23 e 28. A vitória do atual presidente do Senado também coloca como prova de fogo a capacidade do governo Lula de controlar o Senado em pautas importantes. "É um teste de fogo e acho que vamos ser aprovados", revela um petista.

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