Jair Bolsonaro durante pronunciamento como presidente
Marcos Corrêa/PR - 24.04.20
Jair Bolsonaro durante pronunciamento como presidente

O presidente Jair Bolsonaro (PL) está apavorado com o risco de prisão durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mas o presidente eleito não é o maior medo do atual governante. Aliados têm dito que ele fica com temor de ir parar na cadeira por conta do próximo ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), a quem se refere como um grande inimigo.

Segundo um assessor do gabinete presidente, Bolsonaro ficou profundamente irritado ao saber que Dino seria ministro da Justiça. "O presidente chegou a dizer que Lula fez de propósito", comentou o funcionário à coluna. Isso porque, na versão do atual mandatário, o ex-governador do Maranhão tem sangue nos olhos para levá-lo à cadeia por conta do passado dos dois.

Ele se refere às constantes ofensas cometidas contra o político enquanto ele ainda atuava como governador do Maranhão. Bolsonaro já fez piadas gordofóbicas e espalhou fake news contra Flávio. "Agora ele acha que é o momento da vingança política e o outro não vai sossegar enquanto não o colocar na cadeia", completou o assessor do presidente.

Bolsonaro tem dito a amigos que não acredita na perseguição de Lula, principalmente por tudo que o petista viveu. "A aposta é que ele não vai se intrometer", disse um parlamentar em contato com a coluna. Na visão do grupo, o próximo presidente não pretende fazer uma varredura para tentar colocar o adversário na prisão. Mas o político do PL não pensa o mesmo de Dino.

O medo dele é que o futuro ministro use o aparato da Justiça para destravar investigações contra ele e a família para fazer uma verdadeira devassa que o levaria à prisão. "Para piorar, nada tira da cabeça do Bolsonaro que Dino já se aliou a Alexandre de Moraes", revelou um senador ligado à situação. Questionado se há algum elemento dessa suposta aliança, o parlamentar se limitou a dizer. "O elemento é a convicção do presidente".

Pessoas próximas de Dino, no entanto, garantem que o medo não é justificável. "Ele foi governador do Maranhão, acabando com o coronelismo e não perseguiu ninguém", lembrou um aliado. Mas um deputado federal do PT justifica a aflição do atual presidente. "Se Bolsonaro cometeu crime, precisa se preocupar porque o ministro não vai jogar para debaixo do tapete. Não é perfil dele".

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