Arthur Lira recebeu Lula em Brasília pouco após a eleição do petista
Divugação/Ricardo Stucker - 9.11.22
Arthur Lira recebeu Lula em Brasília pouco após a eleição do petista

Arthur Lira (PP) traiu Jair Bolsonaro (PL) dias após as eleições 2022. Para garantir sua reeleição e a manutenção do Orçamento Secreto, o deputado federal prometeu ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) uma base com a maioria do Congresso a partir de 2023.

Ontem (29), o PT anunciou apoio à reeleição de Lira , que deve vencer com mais de 350 votos e continuar no comando da Câmara nos dois primeiros anos de Lula, mas a costura foi complexa. Por um lado, o deputado sabia que o partido do presidente eleito poderia complicar seus planos de reeleição por ter pelo menos 140 parlamentares. Por outro há o Orçamento Secreto.

A promessa de Lira, em uma reunião privada com membros da transição, foi de que entregará a Lula uma base com pelo menos 320 deputados federais. Os cálculos do partido indicam que, sem o presidente da Câmara, o governo teria entre 260 e 290, o que poderia atravancar projetos importantes.

Se oficialmente o presidente eleito não fala da presidência da Câmara, nos bastidores ele age. Lula disse a mais de um assessor que não quer repetir o erro de Dilma Rousseff (PT) em 2015. A presidenta foi contra Eduardo Cunha, então no MDB, lançou candidato para comandar a Casa e perdeu, abrindo caminho para o impeachment. "Se você não pode derrotar o inimigo, é melhor que ele vire amigo", disse um deputado à coluna.

Orçamento Secreto

Pessoas no entorno de Lula afirmaram que o presidente não pretende colocar a mão nesse vespeiro. Ele espera que o STF (Supremo Tribunal Federal) julgue o caso o mais breve possível para definir a legalidade das emendas. Já o presidente da Câmara vem costurando um acordo com a Corte para reformular as chamadas emendas do relator, de modo que ele continue com o controle da distribuição orçamentária para seus colegas.

O PT, mesmo sendo oficialmente contra o mecanismo, já se reuniu com Lira e garantiu que não pretende pressionar o STF. Neste caso, o Orçamento Secreto mudaria de mãos. Se antes, a base de Bolsonaro recebia a maior parte do bolo, agora serão os aliados de Lula.

Um parlamentar confirmou à coluna que a cúpula da legenda petista vê a ideia com bons olhos. A intenção é fazer o PT crescer no interior de São Paulo e no Sul através das emendas, de olho nas eleições municipais de 2024.

Lula não morre de amores por Lira e a recíproca é verdadeira. Mas cada um tem o que o outro precisa e, no jogo político, os dois optaram por ficarem de mãos dadas ao invés de um duelo de espadas.

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