Este tipo de discussão é o tipo de debate que muitos não têm interesse em aprofundar por medo de afetar os lucros das empresas.
O nosso planeta já está dando sinais fortes de exaustão crescente, e o tempo para tomar as providências necessárias ecológicas está se esgotando rapidamente.
Em 1972, um relatório sobre os limites do crescimento já advertia a humanidade para os perigos do crescimento e do consumo exagerados e o consequente colapso ambiental decorrente desse consumo explosivo e sem limites ou freios.
Este consumo sem limites de terras, florestas, rios e recursos hídricos está se tornando explosivo e demonstrando o vínculo estreito entre níveis de consumo, inclusive de energia galopantes, e desastres naturais como vemos hoje diariamente.
Ao nomearmos o sistema capitalista como cerne do problema, devemos lembrar que, se não fizermos esta afirmação, ficará difícil enfrentar os desastres naturais, pois há uma relação de causa e efeito.
No seu livro Less is More: How Degrowth Will Save the World, Jason Hickel lembra que os princípios democráticos raramente operam na esfera da produção, em que as decisões são tomadas pelos que controlam o capital que têm por meta promover o consumo sem considerações pela destruição da natureza e pelo bem-estar geral.
Segundo Hickel, o objetivo da produção é maximizar e acumular lucro, e não preservar a natureza ou pensar no progresso social.
Na verdade, nos tornamos reféns desta lógica insana, porque mesmo se temos a capacidade tecnológica para reduzir as emissões de efeito estufa, o capital prefere investir em combustíveis fósseis, navios de cruzeiro e na aviação.
Há, hoje, um conflito entre o sistema capitalista e a realidade de destruição ambiental, que nos leva em todos os países a um impasse crescente.
Temos de buscar novos meios e modos de relações com a natureza.
Nos debates sobre a crise ecológica, este ponto - o consumo exagerado - tem de ser enfatizado para evitar o colapso dos sistemas biológicos.
O neoliberalismo de Reagan e Thatcher gerou maior riqueza para uma pequena parcela da população, que não quer abrir mão de seus privilégios e da ostentação dessa riqueza.
O crescimento sem limites está entrando em choque todos os dias com os recursos finitos do planeta.
Este crescimento sem limites em prol de uma minoria está aprofundando a desigualdade social mundial, com dois bilhões de pessoas vivendo na miséria.
A aceleração da destruição dos biossistemas em curso pode tornar a experiência capitalista um elemento destruidor, se não forem postos limites a essa busca desenfreada por lucros abusivos, e sempre em benefício de uma parcela extremamente reduzida da população.
Será necessário buscar outras formas de relações com a natureza menos destruidoras. Hoje, todos os países estão afetados por essa fúria em reduzir custos a todo preço, explorar cada vez mais os finitos recursos naturais e explorar mais o trabalho para incrementar os ganhos.