Presidente Vladimir Putin lidera uma reunião sobre a situação nas regiões russas de Belgorod, Kursk e Bryansk após a invasão das tropas ucranianas, em 22 de agosto de 2024, em sua residência em Novo-Ogaryovo, nos arredores de Moscou
Gavriil GRIGOROV
Presidente Vladimir Putin lidera uma reunião sobre a situação nas regiões russas de Belgorod, Kursk e Bryansk após a invasão das tropas ucranianas, em 22 de agosto de 2024, em sua residência em Novo-Ogaryovo, nos arredores de Moscou


A Frente Ocidental contra  Moscou já mostra sinais de divisão, com os aliados europeus de Washington cada vez mais rachados quanto à continuidade do envio de armas poderosas para a  Ucrânia, que alguns temem que possa prolongar o conflito e agravar as suas consequências econômicas.

O que está dividindo esses países é a divergência na percepção sobre a ameaça de longo prazo representada pela  Rússia e se a  Ucrânia conseguirá de fato prevalecer no campo de batalha.

O primeiro bloco, liderado pela França e Alemanha, está cada vez mais relutante em fornecer às Ucrânia armas ofensivas e de longo alcance de que precisa para retomar partes de seu território ocupadas pelo exército russo no sul e leste. Esse grupo duvida que a Rússia venha a ameaçar diretamente a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Por outro lado, Washington, Londres e um grupo de nações, principalmente do centro e norte da Europa, algumas delas ex-membros do bloco soviético, veem a ofensiva russa como um prenúncio de uma maior expansão de Moscou, fazendo da Ucrânia a linha de frente de uma guerra mais ampla contra o Ocidente.

As diferenças entre os dois grupos vieram à público com mais intensidade na semana passada, quando os chefes de governo da União Europeia realizaram uma reunião de cúpula sobre a Ucrânia.

Os governos europeus conseguiram coletivamente chegar a um acordo sobre medidas para isolar a economia russa que antes pareciam impensáveis, incluindo um embargo à maior parte do petróleo russo vendido para a Europa. Mas as opiniões seguem bastante divididas sobre os riscos da guerra e as chances ucranianas.

Declarações públicas dos líderes da França e da Alemanha e comentários de autoridades desses países sugerem que Paris e Berlim estão céticos de que Kiev conseguirá expulsar os russos e pediram um cessar-fogo negociado, provocando reclamações da Ucrânia de que está sendo pressionada a ceder parte do seu território a Moscou.

Líderes dos países bálticos, Polônia e outros afirmam, por sua vez, que fornecer armas pesadas e cada vez mais sofisticadas para a Ucrânia é fundamental não só para sustentar a linha de batalha, mas também para reverter os avanços russos e desferir em Moscou o tipo de golpe que impediria Vladimir Putin  de lançar qualquer outra ação militar no futuro.

Algumas nações europeias estão perdendo o apetite pela sustentação da guerra que acreditam ser impossível de ser vencida e que chegou a um impasse sangrento que está drenando recursos europeus e exacerbando uma recessão iminente.


Por outro lado, Polônia e os países bálticos, que já estiveram sob o jugo do Kremlin, se veem como os próximos alvos da expansão russa.

O fluxo de milhões de refugiados ucranianos para esses países levou a guerra para muito mais perto da vida dos cidadãos comuns, enquanto que para a Alemanha, Áustria e Itália, o conflito é sentido principalmente através dos custos mais altos de energia.

O primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, já alertou várias vezes que o conflito poderá levar à Terceira Guerra Mundial e à uma guerra nuclear.

Alguns funcionários do Ministério da Defesa alemão denunciaram a falta de vontade política.

Cerca de 70% dos alemães apoiam essa política cautelosa de Scholz, segundo uma pesquisa feita no início de maio último. Outras pesquisas mostram dúvidas semelhantes na Itália, França e Áustria.  

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