Cerca de 50 cidadãos brasileiros aguardam a oportunidade de sair de Gaza
Divulgação/ONU/Agência Brasil
Cerca de 50 cidadãos brasileiros aguardam a oportunidade de sair de Gaza


Cerca de 50 cidadãos brasileiros aguardam a oportunidade de sair de  Gaza e contam com todo o apoio possível de Brasília .

A igreja ortodoxa grega com o apoio do patriarca Bartolomeu busca, também, uma solução para a retirada dos estrangeiros de Gaza e de nacionais  palestinos visto que possui hospital operando com médicos gregos na Faixa de Gaza .

O conselho de segurança da ONU , este mês sob presidência brasileira, tem enviado todos os esforços para chegar a uma solução com apoio do  Egito e de Israel no que concerne a passagem de Rafah e a possível abertura de um corredor humanitário para os refugiados.

É urgente levar a diplomacia a mesa, sem a qual o incêndio regional corre o risco de se espalhar pelo planeta. Não se deve, tampouco, fechar os olhos para as idiossincrasias arraigadas de árabes e de judeus a dividir pedaços contíguos de chão, cada lado com as suas razões.

Atualmente, em um mundo multipolar, com forças pulverizadas e muito menos demarcadas, em meio a uma nova guerra fria repaginada entre americanos e chineses , os movimentos do tabuleiro geopolítico não podem mais ser antecipados como antes.

Não há nenhuma saída simples, mas desistir do futuro não é o caminho possível. E sabemos que o fanatismo é o grande inimigo do bom senso.

Convém, em momentos como o de agora, lembrar da inteligência ecumênica de Amos Oz, que disse que os fanáticos de ambos os lados trabalham duro tentando transformar o que se descreveu como uma disputa imobiliária em uma guerra santa. Segundo ele, esses grupos têm tido algum sucesso, tanto entre judeus quanto entre os árabes.

Oz disse, ainda, que isso o fez ficar mais pessimista, mas não menos comprometido quanto a perspectiva de um compromisso entre os dois lados porque não existe alternativa a uma solução de dois Estados.


Na presidência do conselho de segurança da ONU, o Brasil vem conduzindo reuniões de emergência a portas fechadas. Em Brasília, o  presidente Lula fez um apelo para que os demais países intercedam no conflito.

Teme-se que a prevista campanha de aniquilação de Gaza, por Israel , provoque a reação do  Hezbolah que atua no  Líbano e tem poder de fogo muito maior do que o  Hamas abrindo uma nova frente de guerra ao Norte com o apoio iraniano.

Montada em petróleo e gás, a região é crucial para quem quer que alimente projetos hegemônicos, seja Estados Unidos, China - que investe pesado na área e, que neste ano, alinhavou a aproximação entre o Irã e Arábia Saudita - e até a Rússia que sustenta o governo da Síria e que ganhou sobrevida no  Oriente Médio por se aliar ao Irã.

O ataque ocorreu num momento de fragilidade de Israel

Muitos analistas veem em atitudes de Netanyahu o estopim para o conflito. Em 16 anos de poder em Israel, ele abandonou a política de trocar terra por segurança por uma política de segurança acima da paz.

O saldo trágico das hostilidades estampou o fracasso dessa estratégia. Agora, se ele optar por uma guerra total, pode levar Israel ao isolamento internacional.

Para voltar ao poder em janeiro último, aliou-se a grupos radicais que pregam a ampliação dos assentamentos de colonos na  Cisjordânia sem concessões aos palestinos. Essa seria uma das razões da ação do Hamas.

O primeiro ministro vinha enfrentando manifestações de rua por seu conflito com o judiciário e tentativa de mudar a Constituição para se livrar da cadeia por investigações de corrupção. Esta guerra é a maior derrota política de sua carreira.

Há lideranças radicalizadas dos dois lados, o que resulta em falta de equilíbrio

Se o Hamas nega o estado de Israel, há lideranças do atual governo israelense que também se mostram xenofóbicas sustentadas por ultraortodoxos.
O ataque do Hamas foi na hora exata para abalar e dificultar a aproximação entre a Arábia Saudita e Israel. Há uma mudança na geopolítica em que a guerra na Ucrânia perde centralidade o que é melhor para a Rússia.

O conflito impacta, também, a economia mundial com consequências que ainda vão depender das reações dos envolvidos. Se ficar configurado que o Irã contribuiu, Israel pode retaliar com bombardeios em refinarias de petróleo iranianas e localidades onde se desenvolve o enriquecimento de urânio para a produção de armas nucleares. Essa é uma grande preocupação da comunidade internacional.

A invasão de Israel pode ter o Irã como grande vencedor, se quebrado o acordo de paz entre Israel e a Arábia Saudita. Tudo o que o governo iraniano não quer é ver seus dois inimigos juntando forças.

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