Astrônomos europeus anunciaram no último dia 28 que as observações do asteroide Hígia indicavam características inesperadas. Tão inesperadas que talvez Hígia nem fosse um asteroide, mas sim um planeta anão.
Acompanhe o colunista no Twitter
Hígia: asteroide ou planeta anão?
Primeiro, é importante lembrar: já conhecíamos Hígia desde 1849. Não é um corpo recém-descoberto, mas sim são observações novas.
Pierre Vernazza usou o avançadíssimo instrumento Sphere, no telescópio VLT do Chile, para fazer as observações. Vale notar que a câmera é tão poderosa que foi desenhada para observar planetas orbitando outras estrelas. Os pesquisadores pensaram em um uso inovador para ela e apontaram para um corpo aqui mesmo no Sistema Solar.
E encontraram, surpreendentemente, um objeto suave, redondo. Sabemos que muitos de seus fragmentos se encontram nas proximidades, então os cientistas imaginavam encontrar grandes crateras.
A superfície mais esférica, por outro lado, indicaria que o impacto que gerou os fragmentos foi tão forte que o corpo se rompeu em diversos pedaços, que depois se uniram novamente na “bola” que vemos hoje. Esse formato redondo é que faria a diferença entre um asteroide ou um planeta anão.
Leia mais: As conspirações da viagem à lua
Você viu?
A importância de um nome
No final das contas, será que a denominação importa tanto assim?
Quando Plutão foi “demovido” de seu status de planeta, houve um grande choque. “Como é possível, algo que aprendi durante anos na escola, mudar assim de repente?”
O debate continua até hoje, com argumentos válidos de quem trabalha na área de ciências planetárias. Por outro lado há também os argumentos, digamos, não tão dignos, como o diretor da NASA que afirmou em agosto que Plutão seria um planeta porque ele aprendeu assim. Não é a mais científica das atitudes.
De qualquer forma, para mim o importante é a física. É tentar entender como os objetos se formaram, como chegaram onde estão. É essa busca por nossas origens que me fascina na Astronomia.
Será que Hígia é um planeta anão? Ou um asteroide? Seja lá qual for o nome, suas características são fascinantes, e estudando o objeto em detalhes podemos entender melhor o nascimento do nosso Sistema Solar.
Leia também: O Nobel de Física de 2019 e os trabalhos de astronomia