Cientistas do Centro Científico Nacional Antártico da Ucrânia registraram, no final de fevereiro, a presença de uma coloração vermelha, bastante intensa, na neve da região onde está localizada a Base de Pesquisa de Vernadsky, na Antártida . Apesar de, à primeira vista, a substância se parecer com sangue, não se trata de nenhum massacre de espécies árticas, e sim do florescimento de um tipo de alga.
A “Chlamydomonas nivalis" é uma alga microscópica comum em regiões geladas da Terra, do ártico aos Alpes. Elas costumam aparecer apenas após o inverno, quando as temperaturas já não são mais de frio exagerado. A espécie é verde, mas desenvolve uma parede celular e uma camada de pigmentos que a deixa laranja ou vermelha, como medida de proteção conforme perde a mobilidade.
Apesar de o fenômeno ser normal, o registro preocupa pela intensidade da aparição. As algas florescem consumindo a luz do sol e água do derretimento de gelo , o que faz com que não sejam tão inofensivas. Segundo o centro de estudos ucraniano, o episódio está relacionado às mudanças climáticas.
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Derretimento
Um estudo de 2016 mostrou que a proliferação de algas pode diminuir a quantidade de luz refletida na neve em até 13% durante a temporada de derretimento no Ártico. “Isso vai, invariavelmente, resultar em maiores níveis de derretimento”, explica o estudo.
A quantidade de gelo derretido na Antártida está crescendo como consequência do aumento da temperatura, que chegou a superar os 20 graus Celsius, em registro feito em fevereiro. A temperatura elevada causa mais derretimento, o que contribui no crescimento de mais algas, responsáveis por um nível ainda maior de derretimento, em uma espécie de ciclo vicioso.