Uma aliança entre povos da floresta contra Bolsonaro foi anunciada durante a última quarta-feira (16), no terceiro dia do encontro convocado por Raoni Metuktire , à beira do Xingu. Ao lado de Ângela, uma das filhas do líder seringueiro Chico Mendes, e a líder indígena Sônia Guajajara , o cacique caiapó falou sobre a união para combater o que ele considera retrocessos nas políticas do governo Bolsonaro em relação ao meio ambiente e às terras indígenas.
"Acho que todo mundo sabe, o Brasil inteiro deveria saber, ele (Bolsonaro) está atacando todo mundo, não só os índios. Ele ataca os índios mais forte ainda. Eu fiz esse encontro e desse encontro vai sair um documento para mandar para fora, para o Brasil ver o que estamos fazendo, defender a nossa terra. Para ele parar de falar mal da gente”, disse Raoni em declaração à imprensa, traduzida por um assessor.
Uma carta aberta a Congresso e ao Ministério público será divulgada nesta sexta-feira (17), último dia do encontro, realizado na terra indígena Capoto-Jarina, no Mato Grosso. Em curso desde segunda-feira, o evento reúne cerca de 320 indígenas de diferentes estados e etnias, além de representantes do Conselho Nacional de Extrativistas.
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“Hoje o cenário nos preocupa muito mais do que 30 anos atrás. Mais do que nunca se faz necessária uma grande aliança. Nos junta, somar a nossa força, minha como filha de Chico Mendes, que continuo na luta e na defesa do legado dele, dos extrativistas que lutaram ao lado dele, para se juntar ao grande legado e à grande história dos povos indígenas” afirmou Ângela.
Governo
A Funai (Fundação Nacional do Índio) divulgou uma nota oficial nas redes sociais para comentar a realização do encontro promovido por Raoni.
"É um evento totalmente privado e em nada está alinhado à política institucional desta fundação. Como entidade oficial do Estado brasileiro nas questões indígenas, a Funai não participa de eventos particulares ou sequer apoia iniciativas que são alheias ao projeto governamental do órgão”, diz o comunicado.
Entre as tantas tensões entre o governo Bolsonaro e os índios , a mais recente é o projeto deliberar a exploração econômica de áreas indígenas, com permissões para mineração , construção de hidrelétricas e exploração de petróleo e gás.