Óleo que atinge litoral Nordestino vem de vazamento da costa baiana, diz Ufal

Laboratório da UFAL analisou imagens de satélite europeu que indicam grande mancha de óleo nas proximidades da região de exploração do pré-sal
Foto: Ufal/ Divulgação
Mancha tem 55 quilômetros de extensão e seis quilômetros de largura



Imagens de satélite analisadas pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), vinculado à Universidade Federal de Alagoas (Ufal), mancha de óleo no oceano que pode explicar a origem do vazamento dos resíduos no Litoral do Nordeste. O local fica no sul da Bahia, a 54 quilômetros de distância da costa, nas proximidades das cidades de Itamaraju e Prado.

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A localização da mancha indica um vazamento de petróleo abaixo da superfície do mar, possivelmente como consequência da perfuração de um campo de exploração não identificado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), segundo o pesquisador Humberto Barbosa, um dos responsáveis pelo estudo.

A grande mancha de aproximadamente 55 quilômetros de extensão e seis quilômetros de largura em formato de meia-lua foi detectada após o processamento de imagens do satélite Sentinel-1A, da Agência Espacial Europeia (ESA). O material obtido precisou passar por uma análise de três semanas. O trabalho foi finalizado na segunda-feira (28), data da última imagem, e divulgado nesta quarta-feira (30) pelo Lapis, exatamente 60 dias após o início do surgimento das manchas, no dia 30 de agosto, em praias da Paraíba.

O estudo das imagens já havia localizado manchas menores de óleo no mar , mas mostravam o piche fragmentado, o que não permitia identificação do padrão de vazamento.

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A imagem do satélite ainda permite detectar três navios no entorno da grande mancha. Segundo o Lapis, as embarcações podem ser usadas para monitorar alguma situação extraordinária ocorrida na área ou tenham apenas passado pelo local. O laboratório comunicou os resultados da pesquisa à Comissão do Senado responsável pelo acompanhamento da poluição por óleo no Nordeste. As informações contribuirão nas investigações sobre o incidente.

A mesma imagem de satélite foi analisada por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em entrevista a agência O Globo, o professor do Departamento de Geologia e especialista em sensoriamento da universidade, José Carlos Seoane, afirmou que o radar é muito sensível a ver rugosidade e lisura.

"O óleo é muito liso em comparação com a água do mar, que tem ondulações. Onde tem óleo, a água fica muito lisa. Esta é uma técnica consagrada para verificar se existe mancha de óleo ", disse ao jornal. É a primeira vez que os resíduos são observados na superfície do mar e não nas praias.

A hipótese do Lapis bate de frente com informações divulgadas pela Petrobras na última sexta-feira (25). Segundo a petroleira, o petróleo se trata de uma mistura da produção de três campos de exploração da Venezuela . As investigações também apontam como provável origem o derramamento feito por um navio.

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Em nota, a Marinha do Brasil rebateu a hipótese e afirmou que a mancha encontrada pelo satélite não é óleo. A Marinha disse ainda que foram feitas quatro avaliações para descartar a hipótese lançada pelo Lapis: consulta a especialistas do ITOF (Fundo Internacional de Poluição de Petroleiros, na sigla em inglês), monitoramento aéreo e por navios na região e por meio de satélite.

"É importante frisar que a gravidade, a extensão e o ineditismo desse crime ambiental exigem constante avaliação da estrutura e dos recursos materiais e humanos empregados, no tempo e quantitativo que for necessário", diz o texto.

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