Uma das mais importantes lideranças indígenas do Brasil , o cacique Raoni foi indicado como membro honorário da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). Caso a indicação seja aceita, o líder se tornará o primeiro indígena no mundo a receber o título.
Entre os membros honorários da organização consta apenas outro nome brasileiro: Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente
que recebeu a titulação em 2012. Segundo a UICN, o título é dedicado a indivíduos que “ desenvolvem serviços excepcionais em defesa da conservação do meio ambiente
e dos recursos naturais”.
Leia também: Nobel da Paz será anunciado nesta sexta (11); Lula e Papa estão entre cotados
Nas últimas semanas, Raoni
tem sido alvo constante dos ataques do presidente Jair Bolsonaro
(PSL), devido às críticas que faz ao posicionamento do atual governo na questão do meio ambiente e dos direitos indígenas
.
A indicação foi realizada no último dia 30 pela organização brasileira Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), que integra a UICN, com o apoio do Instituto Raoni e de outras entidades parceiras.
João Guilherme Nunes Cruz, antropólogo e coordenador do programa Povos Indígenas do ISPN, defende que a “atuação de Raoni contribuiu para a construção de um dos mais complexos sistemas de proteção de terras indígenas ”.
Leia também: Campanha #RaoniNobel ganha força internacional; Prêmio seria inédito no Brasil
“A relevância da indicação de Raoni se justifica pela sua própria biografia. Para além de ser um símbolo, sua trajetória trouxe conquistas concretas. Nós entendemos que o atual contexto que vivemos no país, de tentativa de retroceder a ideia de que é possível se desenvolver mantendo a floresta em pé, seria muito interessante, seria mais do que justo indicar”, afirma.
A distinção foi criada na fundação da UICN , em 5 de outubro de 1948, e as indicações são avaliadas pelo Conselho da entidade, que reúne mais de 1.400 organizações governamentais e sociais de todo o mundo. A homenagem será concedida durante o Congresso Mundial da Natureza, em junho de 2020, na cidade de Marseile, França.