O governo Jair Bolsonaro (PSL) liberou nesta segunda-feira (22) novo lote de registro de agrotóxicos, chegando a 262 produtos liberados somente neste ano. Entre os agrotóxicos autorizados está o sulfoxaflor, responsável por exterminar mais de meio bilhão de abelhas em quatro estados brasileiros entre os meses de janeiro e março – quando o projeto ainda estava em fase de testes.
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O agrotóxico sulfoxaflor foi um dos principais temas debatidos em abril na sessão da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara que recebeu a ministra da Agricultura Teresa Cristina. Ex-líder da bancada ruralista, na ocasião, a ministra disse que o inseticida responsável pela morte das abelhas não estava registrado no Brasil.
“O problema das abelhas é que foi usado um produto chamado Sulfoxaflor. Esse produto não está registrado no Brasil. Esse é o grande problema dessa fila enorme. Esse produto muito provavelmente entrou de maneira ilegal, está sendo usado de maneira errônea e causou a morte das abelhas”, afirmou.
Produzido pela Dow AgroSciences, o Sulfoxaflor é classificado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) como “medianamente tóxico”, mas fora do Brasil é alvo de polêmica. Em agosto, pesquisadores da Universidade de Londres demonstraram que, sob certas condições, o inseticida tem um impacto negativo sobre a produção reprodutiva de colônias de abelhas, reduzindo em 54 por cento o tamanho das colmeias.
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Em 2015, o agrotóxico teve seu registro cancelado nos Estados Unidos após uma decisão da Corte de Apelações de São Francisco indicar que a Agência de Proteção Ambiental [EPA, na sigla em inglês] falhou em considerar os impactos do Sulfoxaflor sobre insetos polinizadores. Um ano depois, a EPA voltou a conceder o registro, mas com abrangência limitada.