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Tubarão-martelo é a primeira espécie de tubarão a adotar uma dieta onívora, ou seja, que contém carne e vegetais

Ao contrário do que se pensa, nem todo tubarão é um carnívoro insaciável. Isso é o que revelou uma pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia e pela Universidade Internacional da Flórida, que identificou o tubarão-de-pala ( Sphyrna tiburo ), primo do tubarão-martelo, como a primeira espécie do animal a adotar uma dieta onívora, ou seja, que contém carne e vegetais.

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Segundo os pesquisadores norte-americanos, o tubarão-de-pala é uma das espécies mais comuns do grupo, abundante em águas do Pacífico Oriental, Atlântico Ocidental e Golfo do México, onde se alimentam de caranguejos, camarões, caracóis, peixes ósseos e algas. Apesar de pequenas, as fêmeas adultas de tubarão podem chegar a 1,5 metro de comprimento.

A descoberta veio à tona depois de os pesquisadores ouvirem "boatos" de que tubarões, até então não identificados, mastigarem algas marinhas. Assim, decidirem estudar os hábitos alimentares desses animais.

"Descobrimos que o consumo foi incidental e não forneceu nenhum valor nutricional", disse Samantha Leigh, pesquisadora da equipe. "Queríamos descobrir o benefício dessa dieta para os tubarões, porque a quantidade que se consome pode não condizer a retenção de nutrientes”, acrescentou.

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Dieta do tubarão onívoro pode ser 60% composta por algas

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Tubarão onívoro é uma das espécies mais comuns do grupo, abundante em águas do Pacífico oriental e Atlântico Ocidental

Para ver se os tubarões são realmente  flexitarianos , os cientistas coletaram as algas na Baía da Flórida, levaram-nas ao laboratório e plantaram-nas novamente. À medida em que esses organismos fotossintéticos se enraizavam, os pesquisadores adicionavam à água bicarbonato de sódio em pó feito com um isótopo de carbono específico. O experimento mostrou que as plantas conseguiram absorver a substância de forma eficaz.

Os pesquisadores capturaram cinco tubarões da espécie e os levaram para um áquario, alimentando-os com algas e lulas durante três semanas.  Todos eles ganharam peso ao longo do estudo.

Depois disso, os cientistas ainda fizeram uma série de testes que evidenciou que, ao digerem as algas, os tubarões quebravam componentes das mesmas, como amido e celulose. Além disso, por não ter dentes potentes para a mastigação, foi descoberto que o animal marinho conta com fortes ácidos estomacais para enfraquecer as células das algas e, assim, as enzimas possam liberar seus efeitos digestivos. 

No total, mais da metade da matéria orgânica contida nas plantas foi digerida por esse tipo de tubarão, colocando-o no páreo com as tartarugas marinhas verdes.

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Altos níveis do isótopo de carbono foram detectados nos tecidos e no fígado dessa espécie de tubarão , demonstrando que o alimento digerido estava sendo usado para nutri-la e mantê-la saudável. “As algas podem monopolizar mais de 60% da dieta do tubarão-de-pala futuramente. Se outras espécies também estão adotando estratégias digestivas onívoras, precisaremos reavaliar a fama de predador dada e elas”, concluiu Leigh.

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