Pesquisadores encontraram um grande número de ossos de baleia na Ilha Wilczek, na Rússia
Nikita Demidov, AARI, Alexander Ermolov
Pesquisadores encontraram um grande número de ossos de baleia na Ilha Wilczek, na Rússia


Uma expedição científica do Instituto de Pesquisa do Ártico e Antártico da Rússia (AARI) descobriu, neste ano, um cemitério de ossos de baleia  na Ilha Wilczek, no extremo norte do país, após o recuo acelerado de uma geleira no arquipélago Terra de Francisco José.


O derretimento da calota expôs uma área de vários quilômetros quadrados, onde foram localizados diversos esqueletos bem preservados.

Segundo o geólogo Nikita Demidov, integrante da equipe, imagens de satélite revelaram que a geleira se dividiu em duas partes ao longo de menos de 20 anos.

As ossadas estavam distribuídas em uma plataforma marinha anteriormente coberta pelo gelo.

" A preservação é melhor nas áreas próximas ao gelo, onde os restos foram menos afetados pelo degelo prolongado ", explicou o geólogo.

Geleira recua em ritmo incomum e expõe fósseis no norte da Rússia
Nikita Demidov, AARI, Alexander Ermolov
Geleira recua em ritmo incomum e expõe fósseis no norte da Rússia


Demidov acrescentou que a descoberta aponta para uma mudança muito rápida no nível do mar ocorrida há poucos milhares de anos na região, a mais setentrional da Eurásia .

O achado reforça os alertas sobre os impactos das alterações climáticas no degelo ártico .

Permafrost e mar em transformação

Além dos fósseis, os pesquisadores estudam o permafrost, solo permanentemente congelado, e seus efeitos em áreas de alta latitude e em resposta ao aumento das temperaturas.

Foram investigadas formações de gelo sazonal e camadas de gelo em repetição na região de alta latitude, com destaque para o cabo Zhelaniya, na Nova Zembla, ponto-chave da Rota Marítima do Norte.

A missão científica faz parte do projeto “Universidade Flutuante do Ártico – 2025” e está sendo conduzida a bordo do navio reforçado para gelo Professor Molchanov.

Ossada de baleias é revelada após derretimento de geleira
Nikita Demidov, AARI, Alexander Ermolov
Ossada de baleias é revelada após derretimento de geleira


A iniciativa tem apoio do Ministério da Ciência e Ensino Superior da Federação Russa, do banco VTB, da Sociedade Geográfica Russa e da mineradora Norilsk Nickel.

O Instituto de Pesquisa do Ártico e Antártico, que lidera a missão, é considerado um dos principais centros globais voltados ao estudo das regiões polares.

Em seus mais de 100 anos de história, o instituto já organizou cerca de 1.200 expedições no Ártico e na Antártida . Desde 2017, é comandado pelo professor Alexander Makarov, doutor em geografia.


Degelo global cresce desde 2000

Estudos recentes apontam que o derretimento global de geleiras acelerou cerca de 36% entre os períodos de 2000–2011 e 2012–2023.

De acordo com artigo publicado na revista Nature em março de 2025, as geleiras perderam em média 273 gigatoneladas de massa por ano desde o início do século.

O recuo do gelo contribui diretamente para o aumento do nível do mar e pode provocar riscos geológicos, além de afetar ecossistemas terrestres e marinhos

O estudo revela ainda que todas as 19 regiões glaciais monitoradas registraram perdas de massa entre 2000 e 2023.

A região do Ártico russo, onde foi feita a descoberta, perdeu cerca de 16,1 gigatoneladas por ano, o equivalente a aproximadamente R$ 443 bilhões anuais em água doce potencialmente perdida.

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