Eclipse lunar total capturado pelo astronômo Rodolfo Langhi, coordenador do Observatório de Astronomia da UNESP (Universidade Estadual Paulista)
Rodolfo Langhi / Observatório de Astronomia da UNESP
Eclipse lunar total capturado pelo astronômo Rodolfo Langhi, coordenador do Observatório de Astronomia da UNESP (Universidade Estadual Paulista)

Aqueles que estiverem no Brasil ou em qualquer outro país da América Latina entre a noite deste domingo (15) e a madrugada de segunda-feira (16) terão uma visão privilegiada do primeiro eclipse lunar total do ano. Um eclipse lunar total ocorre quando o Sol, a Terra e a Lua ficam perfeitamente alinhados, de forma que o astro entra na sombra do nosso planeta. O próximo eclipse lunar total ocorrerá somente em maio de 2025.

O fenômeno é conhecido popularmente como "Lua de Sangue". Isso porque, durante o eclipse, a Lua apresentará uma tonalidade avermelhada. Segundo o professor Rodolfo Langhi, coordenador do Observatório de Astronomia da UNESP (Universidade Estadual Paulista), de Bauru, no interior de São Paulo, a causa para tal tem a ver com os gases da atmosfera terrestre. A explicação é extensa, mas muito interessante.

Primeiramente, é preciso entender que a luz solar é branca, e o branco é a mistura de todas as luzes de todas as cores. Aqui, não estamos falando de pigmento ou moléculas de tinta, mas sim de fótons de energia — se você misturar os pigmentos de todas as cores, o resultado será o preto. Mas, neste caso, estamos falando de luz.

Se a Terra fosse um corpo sem gás, como a Lua, por exemplo, durante o eclipse, o satélite natural da Terra ficaria totalmente escuro, preto. Mas, pelo fato de a Terra ter uma camada gasosa em seu entorno, quando a luz solar chega aqui, ela se dispersa e é dividida nas cores do arco-íris (que começa no azul e termina no vermelho). O fenômeno é parecido com o experimento de colocar um CD sob a luz solar.

Luz solar, originalmente branca, se dispersa e é dividida em várias cores quando refletida em um CD
Pixabay
Luz solar, originalmente branca, se dispersa e é dividida em várias cores quando refletida em um CD

"No caso da Terra, que tem a atmosfera formada por oxigênio e nitrogênio, a cor que mais se espalha na atmosfera é o azul — por isso o céu é azul. No caso de Marte, a atmosfera é formada predominantemente de gás carbônico, e a cor que mais se propaga é o vermelho", afirma Langhi.

"Quando ocorre o eclipse, a luz solar bate nos gases da atmosfera e o azul se difunde para todos os lados. O que sobra é o vermelho (a última cor do arco-íris), que reflete na sombra da Terra. Por isso, durante o eclipse, a Lua fica com uma cor avermelhada", completa. 

Como observar o eclipse? 

De acordo com o professor, para observar o eclipse, é muito simples: basta olhar para o céu e procurar pela Lua, como em um dia comum. Diferentemente de outros fenômenos astronômicos, como chuvas de meteoros, em que o observador deve se deslocar para locais descampados e longe das luzes da cidade, o eclipse poderá ser visto de qualquer lugar, inclusive da janela de um apartamento.

Langhi ressalta que também não será necessário o uso de nenhum instrumento astronômico, como uma luneta ou um binóculo. O fenômeno poderá ser visto perfeitamente a olho nu. Evidentemente, no entanto, os instrumentos são fundamentais para aqueles que desejam ter uma visualização com mais riqueza de detalhes. 

O eclipse terá início às 23h27 de domingo (15) e término na madrugada de segunda-feira (16), às 2h55, quando a Lua sairá completamente da sombra da Terra. O pico máximo do fenômeno, por sua vez, será à 1h11.

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