Cientistas do Trinity College de Dublin, na Irlanda, estão próximo de conseguirem definir qual foi o primeiro animal do mundo. Ao contrário do que é defendido hoje, que esse posto pertence às esponjas marinhas, os pesquisadores acreditam que uma outra criatura pode ter surgido antes delas.
Geneticistas realizaram uma série de análises genômicas para chegarem à hipótese de que as geleias de pente podem ser o real animal mais antigo existente. Caso a essa tese seja comprovada, ela deve gerar uma série de outras questões, já que esses animais são consideravelmente mais complexos que as esponjas, o que pressupõe que elas teriam “involuído”.
Enquanto as esponjas , pertencentes ao filo das Poríferas, não possuem órgãos, nervos ou músculos, as geleias de pente, que são do filo Ctenophora e possuem estruturas mais avançadas, como neurônios e células musculares, que são usadas para detectar e comer presas, além de um intestino para digestão.
Isso significa que, caso a geleias tenham realmente vindo primeiro que as esponjas, elas perderam muitas de suas características ao se tornarem Poríferas e evoluíram novamente depois. Embora isso não seja comum na natureza, não chega a ser impossível, mas tem a capacidade de mudar a compreensão atual sobre como entendemos a evolução das espécies e de seus sistemas.
“Pode parecer muito improvável que tais características complexas possam evoluir duas vezes, independentemente, explica o geneticista Anthony Redmond. “Mas a evolução nem sempre segue um caminho simples”, continua. “Por exemplo, pássaros e morcegos são parentes distantes, mas têm asas desenvolvidas de forma independente para o voo”, completa.
Modelos genéticos divergem
Diferentes grupos de geneticistas têm construído modelos baseados em divisão de genes. Ao comparar os resultados, duas conclusões foram possíveis. A primeira aponta que as geleias de pente possuem um sinal filogenético maior que o das esponjas, o que sugere que elas existiam primeiro e evoluíram para esses animais.
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Entretanto, usando os mesmos dados, é possível concluir que outros modelos não particionam genes , mas contam com uma supermatriz maior. Isso pressupõe uma linha do tempo oposta, com as esponjas vindo primeiro e evoluindo para as geleias.
Como as duas abordagens possuem pontos fracos, é necessário examiná-las juntas para quebrar alguns preconceitos e erros anteriores ao examinar os dados. Por enquanto, os modelos ainda precisam de ajustes e os resultados são bastante preliminares, mas existe um forte indicativo de que as esponjas realmente vieram antes.
“Nossa abordagem preenche a lacuna entre duas metodologias discordantes e fornece fortes evidências de que as esponjas , e não as geleias de pente , são nossos parentes animais mais distantes”, diz Redmond.