Pesquisadores da Coppe/UFRJ desenvolveram e esperam testar na próxima semana em pacientes um protótipo de ventilador pulmonar mecânico para ser reproduzido em massa, de forma simples, rápida e barata, com recursos disponíveis no mercado nacional.
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Desenvolvido pelo Laboratório de Engenharia Pulmonar e Cardiovascular da Coppe, o protótipo já funcionou em montagem inicial e agora será usado com ventilação moderada, durante algumas horas, em paciente selecionado pelo Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, no Fundão.
Se os testes forem bem sucedidos, dentro das normas de segurança, o equipamento poderá entrar em linha de montagem e suprir em caráter emergencial a crescente demanda dos hospitais por esses aparelhos, em decorrência da pandemia causada pelo novo coronavírus.
Uma rede de empresas está sendo montada para iniciar a produção imediata. A ideia é de que uma empresa de grande porte - ou mais de uma - cuide da produção, mas várias partes seriam produzidas fornecedores diversos.
O professor Jurandir Nadal, chefe do Laboratório de Engenharia Pulmonar e Cardiovascular da Coppe, disse que a proposta é possibilitar a ventilação mecânica com diferentes concentrações de oxigênio e pressões compatíveis com os pacientes com angústia respiratória.
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"É um ventilador pulmonar feito para fins emergenciais, para substituir os equipamentos quando não estiverem disponíveis. Um opção de emergência. O paciente que estamos prevendo encontrar é o que sofre de síndrome da angústia respiratória. Não consegue respirar. Por isso, o equipamento força a entrada do ar", explicou.
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De acordo com o projeto, válvulas de segurança protegem o paciente de pressão excessiva e filtros especiais evitam que o ar expirado espalhe coronavírus no ambiente e possa contaminar os profissionais de assistência intensiva. O ventilador proposto, classificado como ventilador de pressão, fornece a mistura de ar rico em oxigênio com pressão suficiente para vencer a resistência do pulmão doente. As válvulas permitem oferecer ao paciente uma mistura de ar e oxigênio medicinais durante a inspiração e são fechadas na expiração.
O ventilador não deixa a pressão cair abaixo de um valor mínimo para evitar que as partes do pulmão que absorvem o oxigênio se colapsem, prevenindo lesões provocadas pela ventilação artificial. O ar expirado passa, então, por um filtro especial que retém as gotículas de água com vírus, mantendo a umidade do sistema respiratório.
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"Depois dos testes previstos para a semana que vem, o protótipo pode voltar à bancada ou entrar em produção. Ainda existem alguns gargalos, como definir quem vai fazer, quem vai fornecer e como será distribuído. Para atender requisitos de segurança da Anvisa, uma das condições é a de que seja fabricado por empresas com boas práticas na área de equipamentos médicos", comentou Jurandir Nadal.
O professor explicou que o ventilador pulmonar da Coppe vai sair barato porque não está sendo feito como um produto para competir, e sim por pool voluntário.
A estimativa é que o Brasil necessitará, nas próximas semanas, de mais de 20 mil ventiladores pulmonares mecânicos para atender as pessoas que chegarão aos hospitais, principalmente os casos mais graves, de falta de ar e dificuldade de respirar por falta de força.
A produção atual de ventiladores por empresas brasileiras é da ordem de dois mil por mês, e mesmo com a produção acelerada ao máximo, tais empresas não conseguirão atender à demanda.
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