Os amantes do frio podem comemorar, afinal, o inverno finalmente chegou no Hemisfério Sul. A estação mais fria do ano começa às 07h07 desta quinta-feira (21) com um fenômeno astronômico chamado solstício, que acontece duas vezes por ano e é responsável por marcar a entrada do inverno e também a do verão. Mas, você lembra exatamente o que isso significa?
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De acordo com Thiago Signorini Gonçalves, doutor e professor de Astrofísica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o fenômeno acontece quando o eixo de inclinação da Terra (de 23 graus) está alinhado de maneira perfeita, fazendo com que o Sol ilumine ao máximo um dos dois hemisférios do planeta. “No solstício de inverno, o Sol está mais inclinado, passando o dia todo um pouco mais próximo ao horizonte. Dessa forma, os dias são mais frios e mais curtos no inverno”, explica.
O mesmo acontece para marcar a entrada do verão, só que dessa vez a inclinação da Terra faz com que a iluminação do Sol trabalhe de maneira contrária. A estrela estará a pino, no ponto máximo do céu, e incide verticalmente sobre o Trópico de Capricórnio fazendo com que aquele dia seja o mais longo do ano, em termos de período de claridade.
Lembrando que no mesmo dia em que o Hemisfério Sul celebra o começo do inverno, os moradores do Hemisfério Norte passam a viver sob as altas temperaturas do verão. Ou seja, nesta quinta-feira o Sol incide diretamente no Trópico de Câncer e faz o verão começar para os países do norte, enquanto o inverso acontece para os território ao sul da Linha do Equador. “Seis meses mais tarde, quando a Terra deu meia-volta ao redor do Sol, a situação se inverte”, lembra Gonçalves.
É possível observar o solstício de inverno?
O astrofísico contou que uma das formas de perceber o evento é medindo a duração do dia, ou seja, as horas entre o momento do nascer e do pôr do sol: “Lembre-se, é o dia mais curto do ano, com a noite mais longa”. Contudo, a melhor forma de notar os solstícios acontece em suas ‘versões’ que marcam o verão, quando podemos estar sobre a linha do Trópico – no caso de São Paulo, o Trópico de Capricórnio.
Se por acaso hoje você estiver próximo do Trópico de Câncer, que corta países como o México e a China, perceba ao meio-dia que algo de muito curioso acontece: o Sol estará exatamente sobre a sua cabeça e não haverá sombra alguma para objetos verticais, já que os raios da estrela estão incidindo exatamente sobre a linha.
Entretanto, você também pode esperar até dezembro para colocar o mesmo plano em prática no Hemisfério Sul, e até mesmo utilizar outras técnicas para visualizar a entrada do verão.
Como os solstícios são os dias em que o sol está mais distante do leste, no amanhecer, e do oeste, no poente, é possível usar esses momentos para percebê-lo. "Se não quisermos nos levantar cedo para observar o solstício, temos a oportunidade de acompanharmos o pôr do sol do dia mais longo do ano", explica Silvania Sousa do Nascimento”, física e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Mas, atenção! É preciso tomar cuidado : não podemos olhar diretamente para o Sol sem filtros adequados para este ato. Portanto, proteja-se com óculos escuros.
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Diferença entre um solstício e um equinócio
Os ‘irmãos’ dos solstícios são os equinócios, que, por sua vez, marcam a chegada do outono e da primavera. A diferença básica entre os eventos também diz respeito ao eixo de inclinação da Terra e a incidência dos raios solares, já que os equinócios correspondem aos dias do ano em que os dois hemisférios recebem a mesma quantidade de luz solar, o que explica termos como o “meia estação” utilizados para designar estes dois períodos do ano.
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Assim, enquanto um solstício ilumina mais um dos hemisférios, determinando a duração daquele dia, um equinócio ilumina as duas 'partes' de maneira igual, o que resulta em um dia simétrico, com 12 horas de claridade e 12 horas de escuridão.