Desde que a sonda Voyager 1 da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) foi lançada para Júpiter em março de 1979, os cientistas têm se mobilizado para descobrir como os relâmpagos do maior planeta do Sistema Solar se formam. Agora, 39 anos depois da primeira iniciativa de pesquisa, o mistério parece ter sido solucionado pelos estudiosos.
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Segundo uma nota divulgada nesta sexta-feira (8) pela Nasa , a existência dos lampejos jovianos (como são chamados) é uma incógnita há séculos. Mas, com os dados levantados na missão Juno, iniciada em 2016, descobriu-se que os relâmpagos formados por Júpiter possuem sinais de rádio semelhantes aos produzidos pelo planeta Terra.
"Não importa em que planeta você esteja, relâmpagos agem como transmissores de rádio, enviando ondas quando passam pelo céu. Nos nossos oito primeiros voos, Juno detectou 377 descargas atmosféricas na faixa de megahertz e gigahertz, como as emissões de raios terrestres. Acreditamos que tal identificação foi possível porque, atualmente, a sonda está mais próxima dos lampejos”, comentou a autora do estudo e uma das cientistas envolvidas na missão Juno, Shannon Brown.
Nasa também identificou diferenças entre relâmpagos terrestres e jovianos
Por meio do estudo, foram identificados tanto pontos em comum quanto características divergentes entre os planetas e a produção de raios, que costumam variar as áreas onde os relâmpagos são emitidos em cada corpo celeste.
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"A distribuição de relâmpagos de Júpiter é de dentro para fora em relação ao planeta Terra", disse Brown. “Há muita atividade perto dos polos de Júpiter, mas nenhum perto do equador” acrescentou.
Segundo a cientista, o que diferencia o local de emissão de raios entre os planetas é o calor. Ela explica que a Terra retira grande parte de seu calor de forma externa, ou seja, por meio da radiação solar.
Isso ocorre porque o Equador da Terra suporta o impacto da luz do sol, o que faz com que o ar fique quente e úmido e suba de forma livre, impulsionando as trovoadas produtoras de raios. Enquanto a órbita de Júpiter é cinco vezes mais distante do Sol, e recebe 25 vezes menos luz que nosso “Planeta Azul”.
Assim, os cientistas acreditam que o aquecimento no equador de Júpiter seja apenas suficiente para criar estabilidade na atmosfera superior, o que inibe a ascensão do ar quente se espalhe internamente.
Já os polos, que não têm esse calor de nível superior, não criam tal estabilidade atmosférica, permitindo que os gases quentes do interior de Júpiter se elevem, e potencializem a convecção e os elementos geradores de relâmpagos.
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"Essas descobertas podem ajudar a melhorar nossa compreensão acerca da composição, circulação e fluxos de energia em Júpiter. Continuaremos realizando pesquisas com a missão Juno, que deve ser prolongada até 2021”, concluiu a cientista da Nasa .