Macacos clonados têm cerca de 7 e 8 semanas de idade e são chamados de Zhong Zhong e Hua Hua
Reprodução/Chinese Academy of Sciences
Macacos clonados têm cerca de 7 e 8 semanas de idade e são chamados de Zhong Zhong e Hua Hua

Pela primeira vez na história da ciência, primatas foram criados por meio da clonagem , em método semelhante ao utilizado anteriormente com a ovelha Dolly.  O experimento de criação dos dois macacos foi um sucesso, segundo pesquisadores chineses, o que representa não só a reprodução e o nascimento de animais geneticamente idênticos, mas também a aproximação dos cientistas a algo bastante importante e polêmico: a clonagem de seres humanos.

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Desde o nascimento de Dolly, em 1996, os cientistas clonaram quase duas dúzias de tipos de mamíferos, incluindo cães, gatos, porcos, vacas e pôneis, além do desenvolvimento de embriões humanos. Entretanto, até agora, não tinham conseguido fazer filhotes primatas com o método. Vale lembrar que a ordem dos primatas abrange tanto  macacos  quanto humanos.

O estudo, elaborado pelo Instituto de Neurociência da Academia Chinesa de Ciências, em Xangai, foi publicado na quarta-feira (24) pela revista Cell  e explica a criação dos dois primatas por meio da transferência nuclear de células somáticas, ou seja, células do tecido de um macaco adulto . Os animais clonados são do sexo feminino, têm cerca de 7 e 8 semanas de idade e são chamadas Zhong Zhong e Hua Hua.

Clonagem humana e experimento

O cientista Muming Poo evidencia que, mesmo que o feito signifique uma possibilidade animadora para a clonagem humana, sua equipe não tem a intenção de fazê-la. Ele explica que, além de a maioria de seus colegas de profissão ser contra a criação de humanos por clonagem, a sociedade em geral "arrumaria um jeito de barrá-los" por motivos éticos.

Poo afirma que criaram os animais para usá-los em pesquisa médica, uma vez que são considerados mais valiosos por serem mais próximos dos humanos do que outros animais de laboratório, como os ratos.

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No procedimento, os estudiosos removeram o núcleo com DNA dos óvulos e o substituíram por DNA do feto do macaco. Estes óvulos reconstituídos cresceram e dividiram-se, se tornando um embrião precoce, que foi colocado em uma fêmea para que pudessem crescer, e enfim, nascer. Ao total, foram necessários 127 óvulos e a implantação de 79 embriões.

De acordo com a equipe, a clonagem de células do feto pode ser combinada com técnicas de edição de genes para a criação de um grande número de macacos com alguns defeitos genéticos. Os animais poderiam, então, ser utilizados ​​para estudo de doenças e seus possíveis tratamentos. Os pesquisadores alegam que os principais alvos de pesquisa são Alzheimer e Parkinson.

Oposições e perigos

O pesquisador Shoukhrat Mitalipov disse à Fox News que tem dúvidas em relação à clonagem de bebês por meio de um adulto humano, principalmente se levadas em consideração as falhas na produção de animais bebês saudáveis.

José Cibelli, cientista da Universidade Estadual de Michigan, expõe que a prática pode ser tecnicamente possível algum dia, mas "criminosa" no momento, pois seriam inevitáveis as perdas de várias gravidezes durante o processo.

“Se o procedimento se tornou eficiente o bastante em macacos, a sociedade pode enfrentar um grande dilema ético na adequação do método para humanos”, alega. Já para o pesquisador Dieter Egli, da Universidade de Columbia, “não há um benefício suficientemente grandioso para tal feito”.

Henry Greely, professor de direito da Universidade de Stanford, especializado em tecnologias biomédicas, defende que o argumento mais forte a se pensar é o desejo dos pais aflitos de produzir uma duplicata genética de uma criança morta. Porém, duvida que essa seja uma razão convincente para a aprovação do procedimento.

A diretora executiva do Centro de Genética e Sociedade em Berkeley, Califórnia, Marcy Darnovsky, diz que "a prática é antiética e de grandes riscos psicológicos e emocionais".

Vale mencionar que, atualmente, por causa das preocupações de segurança, os reguladores federais nos Estados Unidos não permitiriam que um bebê humano por clonagem fosse criado. Grupos científicos internacionais e ONGs, como a Pessoas para o Tratamento Ético dos Animais (Peta), também se mostraram contra a técnica, condenado os experimentos recém-realizados.

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"Clonagem é um show de horror, um desperdício de vidas, tempo e dinheiro. O sofrimento que tais experiências causam é inimaginável. A clonagem tem uma taxa de falha de, pelo menos, 90%; esses dois macacos representam a miséria e a morte em uma escala enorme", argumentou a vice-presidente sênior da Peta, Kathy Guillermo, em um comunicado.

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