Uma equipe de pesquisa, formada por paleontólogos brasileiros e chineses, encontrou mais de 300 ovos de dinossauros na região de Hami, no noroeste da China. Junto de inúmeros restos de esqueletos, esta é a maior “coleção” de ovos fossilizados de pterossauros já encontrada no mundo. A descoberta foi anunciada na última quinta-feira (30) pelo brasileiro Alexander Kellner, um dos integrantes do grupo.
Leia também: "Fóssil vivo", tubarão de espécie pré-histórica de 300 dentes é achado em mar
Segundo nota do Museu Nacional (MN), o material encontrado procede de rochas de cerca de 100 milhões de anos, período correspondente ao Cretáceo Inferior. Com restos de dinossauros jovens e adultos, o ‘berçário’ também revelou algo inédito: os pesquisadores acharam, pela primeira vez na história, embriões de pterossauros preservados em três dimensões.
Kellner explicou, em entrevista coletiva, que até então apenas três embriões haviam sido localizados: um na Argentina e outros dois na China. “Essa é a primeira vez que embriões são encontrados com os ossos tridimensionais que possibilitaram, inclusive, a elaboração inédita de estudos de seções osteohistológicas – que são lâminas dos ossos – de embriões”.
O material já foi analisado e resultou em algumas informações interessantes sobre o desenvolvimento e a vida dos pterossauros , os primeiros vertebrados que conseguiram estabelecer voo ativo com sua frágil estrutura óssea.
Leia também: Cientistas descobrem mistério sobre dominância dos fósseis de mamutes machos
As asas dos pterossauros
Tomografias computadorizadas, por exemplo, revelaram que, em animais recém-nascidos, toda a parte óssea responsável pelo voo ainda não estava bem desenvolvida. Ou seja, a descoberta sugere que, diferente do que se acreditava até agora, pelo menos os animais da espécie Hamipterus tianshanensis precisavam ser cuidados pelos pais – o chamado “cuidado parental” – durante um determinado tempo depois do nascimento.
Além disso, os pesquisadores ressaltaram que os ovos estavam a uma altura de 2,2 metros, divididos em oito camadas de fósseis . Tal disposição revela que o material foi ali depositado ao longo de muitos anos, o que adiciona a possibilidade dos pterossauros serem gregários. Ou seja, eles viviam em bando e colocavam seus ovos em grupo, para algum tempo depois voltarem ao mesmo lugar para desovar.
Leia também: Prédio feito com "material mais escuro do mundo" criará um 'buraco no espaço'
De acordo com informações do site da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), réplicas de alguns dos achados dos dinossauros ficarão expostas no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, a partir desta sexta-feira (1º).