O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse nesta segunda-feira (14) que agilizará um mutirão entre as concessionárias do país para ajudar no reestabelecimento de energia elétrica da Grande São Paulo , responsabilidade da Enel. Moradores continuam sem luz nesta segunda-feira (14) após os temporais da última-sexta-feira (11).
Até a última atualização, na manhã desta segunda, eram 537 mil residências sem energia há três dias.
"A sua força-tarefa extra, esse profissionais somados as suas distribuidoras, CPFL, Enel, EDP, ISA CTEEP, Eletrobras, Light, Energiza, que estão aqui hoje, nós estamos ampliando de 1.400 para 2900 profissionais, mais de 200 caminhões para apoiar essas equipes, fora os caminhões de própria Enel, mais de 50 equipamentos", disse o ministro, em entrevista coletiva na sede da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, em São Paulo (SP).
A iniciativa é da agência Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), e atende a uma determinação do ministro Silveira, que enviou um ofício, na tarde deste domingo (13), ao diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa Neto. A agência é um órgão subordinado ao ministério, com o diretor-geral nomeado pelo governo anterior e com mandato até 2027.
"Reiterando que este MME não irá admitir qualquer omissão por parte dessa agência reguladora, determino a vossa senhoria a realização de reunião, ainda hoje, com a Enel e demais equipes técnicas das distribuidoras de energia elétrica que possam auxiliar com planos de ações emergenciais para imediata resolução da situação em SP e região metropolitana", diz trecho do documento.
O ministro também criticou a empresa por não da fornecer previsão de retomada da luz nestas casas. Após a "força-tarefa", a empresa tem 3 dias para resolver os problemas mais graves.
"Quando a Enel disse que não tinha previsão de entrega dos serviços à população, eu disse que ela cometeu um grave erro de comunicação, um grave erro de seu compromisso contratual com a sociedade de São Paulo de dar uma previsão objetiva. Eu disse pra ela que ela tem os próximos três dias pra resolver os problemas de maior volume".
Além disso, segundo Silveira, as distribuidoras serão penalizadas se não tiverem previsão ao planejamento diante de eventos climáticos com consequências à população.
"Hoje os eventos climáticos severos são expurgados da avaliação contratual e no decreto de distribuição que o presidente Lula assinou e que o ministério elaborou depois de um ano de debate com a população, um ano de debate com o setor, esses eventos como esse não poderão mais ser expurgados da avaliação das distribuidoras. Ou seja, as distribuidoras passarão a ser penalizadas caso elas não tenham uma previsão ou planejamento para evitar esse tipo de evento".
"Porque é evidente que o mundo passa por eventos climáticos severos e a distribuidora tem que se precaver com planejamento em relação a esses eventos. Não é possível esse setor ser reativo", ressaltou.
Contexto
Um forte temporal que atingiu o estado de São Paulo na última sexta-feira (11) provocou mortes e falta de energia em imóveis na capital e na Grande São Paulo. De acordo com informações da Enel, até as 5h40 desta segunda-feira, 354 mil residências na capital estavam sem luz, com outras localidades, como Cotia, Taboão da Serra e São Bernardo do Campo, também afetadas.
A Aneel criticou a Enel por não cumprir o plano de contingência para eventos climáticos severos, afirmando que a concessionária mobilizou menos funcionários do que o esperado. O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, ressaltou que a empresa não atendeu às expectativas, especialmente em um momento crítico.
“Ela [Enel] de fato não tem atendido todas as expectativas com relação ao ano passado”, disse Feitosa durante uma coletiva. O presidente da Enel Distribuição São Paulo, Guilherme Lencastre, admitiu que não há uma previsão clara para o restabelecimento total da energia, mas garantiu que estão trabalhando para resolver a situação.
Ele também informou que a empresa colocou à disposição 500 geradores para hospitais e outros estabelecimentos essenciais, além de ter helicópteros sobrevoando a área para identificar problemas nas linhas de transmissão. Lencastre atribuiu os transtornos às rajadas de vento que chegaram a mais de 107,6 km/h, o que causou danos significativos.
O temporal causou impactos diretos na vida cotidiana dos moradores, com relatos de pessoas passando mais de 50 horas sem energia. Muitos enfrentaram dificuldades para entrar em contato com a Enel, que recebeu mais de 1 milhão de chamadas de emergência desde o evento.
Além da falta de luz, a Sabesp informou que o abastecimento de água também foi comprometido em várias regiões, devido à interrupção de energia que afeta estações elevatórias. Com isso, o abastecimento de água pode ser afetado nas seguintes regiões:
- CAPITAL: Americanópolis, Vila Clara, Capão Redondo (parte), Pirajussara (parte), Jardim Mimás, Jardim Aeroporto, Jardim Antártica, Jardim Peri, Jardim Peri Alto e Jardim Santa Cruz;
- COTIA: Jardim Atalaia;
- SANTO ANDRÉ: Jardim São Gabriel, Jardim Santo André, Jardim Marek, Jardim Santo Antônio de Pádua e Cidade São Jorge;
- CAJAMAR: Jordanésia;
- EMBU DAS ARTES: Jardim Vila Alegre;
- MAUÁ: Zaíra, Vila Tavares, Sítio Bela Vista, Jardim Cruzeiro, Jardim São Gabriel, Jardim Miranda D'Aviz, Jardim Paranavaí, Jardim Alto da Boa Vista, Jardim Zaíra-Macuco, Jardim Zaíra, Parque das Américas
- Ventania na região da Bela Vista, em SP
O temporal resultou em sete mortes no estado, incluindo incidentes em Bauru, São Paulo e Cotia, sendo:
- Bauru: três mortes após queda de muro;
- São Paulo: uma morte após queda de árvore no bairro Campo Limpo;
- Diadema: uma morte após queda de árvore;
- Cotia: duas mortes após queda de muro.
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