Dependentes químicos
Rovena Rosa/Agência Brasil
Dependentes químicos "tomam" a Avenida Cleveland e rua Helvétia

Uma investigação conduzida pelo Ministério Público de São Paulo e pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) revelou que agentes da Guarda Civil Municipal (GCM) estavam envolvidos com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). O esquema consistia na transferência de usuários da  Cracolândia em troca de propina. A informação foi revelada pelo Fantástico, da TV GLOBO.

De acordo com o MP, os GCMs redirecionavam os usuários de drogas para áreas comerciais específicas e, posteriormente, extorquiam os lojistas, cobrando cerca de 50 mil reais mensais para retirar os usuários e deslocá-los para outra área de comércio.

O programa Fantástico, exibido neste domingo (25), teve acesso exclusivo aos detalhes dessa investigação, que incluem depoimentos em áudio e vídeo de testemunhas protegidas. Lincoln Gakiya, promotor de Justiça, descreveu a operação como uma forma de "serviço de segurança privada" oferecido aos comerciantes, o que levou ao uso do termo "milícia" para caracterizar a atuação criminosa.

O grupo criminoso também explorava outras formas de garantir a lucratividade da Cracolândia. De acordo com uma testemunha, integrantes da GCM e um policial informavam os traficantes sobre operações policiais com antecedência. Além disso, a mão de obra dos dependentes químicos era explorada em ferros-velhos clandestinos, que também serviam como esconderijos de drogas.

Os hotéis na região eram usados como centros de operação para armazenar drogas, enquanto a Favela do Moinho, um reduto do PCC, funcionava como depósito de armas e entorpecentes.

Partes envolvidas

O guarda Antônio Carlos Oliveira refutou veementemente as acusações. A defesa do GCM Elisson de Assis também negou envolvimento e destacou que ele possui uma empresa de monitoramento legal, com clientes que nunca relataram coação para contratar seus serviços.

Por sua vez, o advogado da agente Renata Scorsafava afirmou que ela sempre trabalhou no setor administrativo e nunca teve qualquer envolvimento com atividades ilícitas.

A Prefeitura de São Paulo declarou que "desconhece a atuação de milícias na cidade" e repudiou qualquer tentativa de utilizar o episódio para comprometer a credibilidade da corporação. A administração municipal está investigando a possibilidade de enriquecimento ilícito por parte dos agentes públicos municipais envolvidos.

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