A mãe de um adolescente de 14 anos revelou ao portal g1 que seu filho foi espancado por sete colegas na mesma escola onde estudava Carlos Teixeira, garoto que morreu após dois estudantes pularem sobre suas costas .
Ela alega que a Escola Estadual Júlio Pardo Couto, em Praia Grande (SP), tem um banheiro "perigosíssimo", onde um grupo de estudantes promove "ataques" contra colegas.
Carlos Teixeira morreu na última terça-feira (16) após sofrer três paradas cardiorrespiratórias na Santa Casa de Santos (SP), onde estava internado após ser atacado por colegas em 9 de abril.
Tatiane Boeno, mãe do estudante de 14 anos agredido na mesma escola, afirmou ao g1 que o filho recebeu tapas e pontapés duas vezes no mesmo dia dentro da escola onde estudava Carlos.
Ela relatou ainda que as agressões sofridas pelo filho foram em um dos banheiros e em uma 'sala de cinema' da escola.
O menino teria ficado marcado com hematomas e arranhões.
"O sentimento é de revolta e medo", desabafou Tatiane o g1. "Esse banheiro é perigosíssimo. Todas as brigas são resolvidas lá, pois não tem câmera. Eles [os agressores] esperam o aluno que querem fazer bullying entrar e, então, atacam em bando. São sempre os mesmos".
Tatiane suspeitou e descobriu sobre as agressões após o filho tentar sair escondido da escola. Segundo ela, o caso foi informado à diretoria, que negou ter registrado agressões ao adolescente. Ela disse que "resolveu" o caso conversando com os próprios agressores na saída da escola.
"Pediram desculpas e disseram que não fariam mais isso. Desde então, converso todos os dias com ele para ver se o agrediram novamente".
Morte de aluno
Carlos Teixeira morreu após sofrer paradas cardíacas, resultado de uma agressão perpetrada por alunos da escola em Praia Grande.
O pai dele, Julisses Fleming, afirmou ao g1 acreditar que a morte foi decorrência da agressão sofrida, já que ele era um menino saudável. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil e a causa da morte ainda não foi divulgada.
Segundo Julisses, os médicos disseram que a suspeita era de que a causa da morte seria uma infecção no pulmão. Em nota ao g1, a Santa Casa de Santos disse não ter autorização para dar mais informações sobre o caso.
Carlos era frequentemente vítima de bullying em atos que chegaram a ser filmados por estudantes. Internado, o menino agradecia a Deus e aos médicos e dizia ter medo de morrer por conta das fortes dores no pulmão e da dificuldade de respirar. "Me sinto acabado e destruído", afirmou o pai.
O que diz o governo
Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), o caso foi registrado como morte suspeita e é investigado pelo 1º Distrito Policial (DP) de Praia Grande.
Em nota, a Seduc-SP afirmou repudiar todo e qualquer ato de violência e discriminação, dentro ou fora da escola.
A pasta acrescentou que também não houve registro de reclamação por parte de responsáveis pelo estudante no mesmo período.
"A Pasta repudia toda e qualquer forma de agressão e de incitação à violência dentro ou fora das escolas. Na época, ao tomar ciência do caso apresentado, a gestão escolar acionou Conselho Tutelar e os responsáveis do aluno. Também registrou o ocorrido no aplicativo do Conviva", disse a Seduc-SP sobre Carlos Teixeira.
A Secretaria informou, ainda, que um dos vídeos da agressão foi gravado no dia 19 de março. A Seduc lamentou a morte do estudante. "A Diretoria de Ensino de São Vicente instaurou uma apuração preliminar interna do caso e colabora com as autoridades nas investigações".
A Prefeitura de Praia Grande disse lamentar profundamente a ocorrência, e afirma que solicitou junto à secretaria de Estado uma apuração completa dos fatos. A administração municipal também disse que está analisando todos os procedimentos adotados no pronto-socorro do município.
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