O Diretório Municipal do PT em São Paulo anunciou o apoio à filiação da ex-prefeita Marta Suplicy à legenda e garantiu o nome dela como vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela prefeitura de São Paulo. A confirmação aconteceu na noite desta terça-feira (16), após uma reunião na sede municipal do partido.
Segundo o presidente da legenda na capital, Laércio Ribeiro, o partido receberá Marta de bom grado. Ele ainda ressaltou a importância dela como ex-prefeita de São Paulo, mas evitou estipular uma data para a filiação e afirmou que dependerá das agendas de autoridades.
"O diretório municipal recebe de bom grado e dará as boas-vindas o retorno da Marta Suplicy ao PT. A Marta foi, e todos nós sabemos, uma prefeita aqui na cidade de São Paulo. Ela carrega importantíssimas marcas a que o PT é creditado", afirmou.
"Nós vamos construir isso [a data de filiação]. Nós vamos construir isso pensando no calendário. O presidente Lula quer participar? Como é que está a agenda dele? Inclusive com a Marta, construir com a agenda dos nossos aliados", concluiu.
A volta de Marta Suplicy ao PT não agradou boa parte da cúpula do partido. Alas históricas criticaram a decisão de Lula em apoiar Marta e afirmaram que ela havia abandonado o partido no momento mais difícil para o presidente.
A ex-prefeita deixou a legenda em 2015, em meio aos escândalos de corrupção da Lava Jato e o envolvimento de membros do PT na operação. Ela tinha sido filiada ao partido por cerca de três décadas quando migrou para o MDB.
Na reunião da executiva nesta terça, Marta obteve apoio de 12 membros da diretoria municipal. Um correlegionário votou contra sua filiação e outro se absteve. Duas pessoas faltaram à reunião.
Questionado sobre a possibilidade de recursos contra a filiação da ex-senadora, Ribeiro garantiu que o problema será resolvido na executiva municipal.
"Já está resolvido. E tudo será resolvido aqui no diretório municipal. Essas nossas deliberações aqui tem a ver com isso, esse processo de questionamento. Nós tivemos problemas com a escolha do Boulos e conseguimos lidar perfeitamente com isso", afirmou.
Prévias descartadas
Após a ventilação do nome de Marta como vice de Boulos, parte da legenda passou a defender a realização de prévias para escolher o nome do PT para compor a chapa. A ideia era liderada pelo deputado estadual Eduardo Suplicy, que quis lançar o nome da vereadora Luna Zarattini, além da deputada federal Juliana Cardoso, como candidatas à vice do psolista.
Entretanto, Laércio Ribeiro descartou a possibilidade e garantiu apoio a Marta Suplicy na composição da chapa.
“Nós definimos aqui que, conforme a decisão, inclusive do diretório nacional, não haverá prévias [para vice] ainda que tenha alguma candidatura se colocando em um processo de disputa”, declarou.
No encontro desta terça, o próprio Suplicy pediu apoio de Marta como vice na chapa de Guilherme Boulos. Entretanto, a executiva petista planeja reuniões com a ex-prefeita para apontar demandas da legenda e de correlegionários.
“Nós vamos convidar a Marta a participar de um processo de escuta, vindo aqui na direção municipal para conversa com as bancadas. Bancadas municipal, estadual e federal. E, a depender do calendário, uma conversa também com a base partidária”.
O nome de Marta como vice de Boulos era especulado desde dezembro, mas ganhou força nesta semana após uma reunião entre ela e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Uma das condições para compor a chapa do psolista era de que Lula fizesse a indicação do vice.
Até o dia 9 de janeiro, Marta ocupava o cargo de secretária de Relações Internacionais na Prefeitura de São Paulo, mas pediu demissão após aceitar o convite de Lula para ser vice de Boulos. Nos bastidores, a notícia revoltou o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que contava com o apoio dela para a sua candidatura à reeleição.
No último sábado (13), Marta Suplicy se reuniu com Guilherme Boulos em sua casa, na Zona Sul de São Paulo. O encontro consolidou a chapa da esquerda para as eleições deste ano.
Marta no PT
Marta retorna ao PT após oito anos longe do partido. Pela legenda, foi deputada federal, ministra dos governos Lula e Dilma Rousseff, senadora e prefeita de São Paulo entre 2001 e 2005.
Ela deixou o grupo político após as acusações da Operação Lava Jato e migrou para o MDB. Em 2018, deixou a legenda e ficou sem partido por dois anos, quando se filiou ao Solidariedade. Durante a pandemia, também saiu da legenda e se tornou próxima do ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, morto em 2021, e que a convidou para assumir o cargo na secretaria.
Fora do PT, Marta votou, enquanto senadora, pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, além de se mostrar favorável à regra do Teto de Gastos.