O pré-candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) se reuniu na tarde deste sábado (13) com a ex-prefeita Marta Suplicy, que será sua vice na chapa
. O encontro aconteceu na casa de Marta, na zona Sul da capital paulista.
Boulos chegou por volta das 13h40 e deixou o local por volta das 16h30. Na saída, o deputado federal minimizou o passado com a ex-prefeita e disse que a aliança visa o presente e o futuro.
"A aliança que está se construindo não vai olhar para o passado. É uma aliança que se constrói a partir do presente e do futuro", declarou Boulos. "As diferenças políticas, as críticas que eu fiz a ela que ela fez a mim só mostram como é uma aliança que amplia, não é uma aliança entre pessoas que pensam da mesma forma", completou.
Segundo ele, o objetivo principal da união é "enfrentar e derrotar o bolsonarismo", já que seu principal rival, o atual prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), recebeu apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "A possibilidade da maior cidade do Brasil ser governada por um aliado de Bolsonaro une vários setores, mesmo com diferenças, para conseguir garantir uma vitória democrática esse ano", disse Boulos.
O psolista ainda elogiou Marta e disse que ela agrega para a chapa. "A Marta agrega profundamente para o projeto que estamos construindo para a cidade de São Paulo. A Marta agrega em experiência administrativa, agrega uma amplitude, essa ideia de uma frente democrática na cidade", disse o candidato.
O nome de Marta como vice de Boulos era especulado desde dezembro, mas ganhou força nesta semana após uma reunião entre ela e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Uma das condições para compôr a chapa do psolista era de que Lula fizesse a indicação do vice.
Para concretizar o acordo, Marta Suplicy deverá retornar ao PT, partido em que foi filiada por 30 anos. Segundo o deputado Rui Falcão (PT-SP), que participou do encontro, a filiação deve acontecer em fevereiro, antes do Carnaval. "A Marta quer entrar logo na campanha", disse Falcão.
Até a última terça-feira (9), Marta ocupava o cargo de secretária de Relações Internacionais na Prefeitura de São Paulo, mas pediu demissão após aceitar o convite de Lula para ser vice de Boulos. Nos bastidores, a notícia revoltou o prefeito Ricardo Nunes (MDB), que contava com o apoio dela para a sua candidatura à reeleição.
Segundo Boulos, Marta deixou o cargo após consolidação do apoio de Bolsonaro a Nunes. "Essa foi a razão da ruptura dela com o governo atual do Ricardo Nunes, que firmou uma aliança com Jair Bolsonaro e será o candidato do Bolsonaro na cidade de São Paulo. Por isso, a Marta teve a postura de sair do governo, coerente com que ela havia feito em 2022, quando apoiou o Lula numa frente democrática".
Prévias no PT
Boulos evitou dar detalhes sobre as negociações para que Marta seja sua vice na chapa de 2024 e deixou a decisão para o PT. A cúpula petista deve se reunir na próxima terça-feira (16) para sacramentar o acordo.
Nos bastidores, o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) pediu a realização de uma prévia interna para decidir o candidato à vice do Boulos. Aos jornalistas, Falcão rechaçou a ideia e manteve o nome de Marta como a única cotada para o cargo. "Para ter prévia, precisa ter mais de um candidato. Como não tem nenhum até agora, esse é um anti-fato", declarou Falcão.
Após a reunião com Marta, Boulos seguiu para a casa de Eduardo Suplicy, com quem deve conversar sobre a campanha.
Marta volta ao PT
Marta retorna ao PT após oito anos longe do partido. Pela legenda, foi deputada federal, ministra dos governos Lula e Dilma Rousseff, senadora e prefeita de São Paulo entre 2001 e 2005.
Ela deixou o grupo político após as acusações da Operação Lava Jato e migrou para o MDB. Em 2018, deixou a legenda e ficou sem partido por dois anos, quando se filiou ao Solidariedade. Durante a pandemia, também saiu da legenda e se tornou próxima do ex-prefeito de São Paulo, Bruno Covas, morto em 2021, e que a convidou para assumir o cargo na secretaria.
Fora do PT, Marta votou, enquanto senadora, pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Questionado sobre a recepção da notícia da filização de Marta dentre os petistas, Falcão disse que o partido "não tem unanimidades".
"Aliás, essa é uma qualidade, porque tem livre expressão de pensamento. É natural que uma ou outra tendência se manifestem contra essa possibilidade, como eu pessoalmente me opus à candidatura do vice-presidente Geraldo Alckmin. Isso não nos preocupa", disse ele.