A Justiça condenou o vereador Adilson Amadeu (União Brasil), de São Paulo, por ofensas contra os judeus. A juíza Renata William Rached Catelli, da 21º Vara Criminal de São Paulo, condenou o político ontem (28) por crime de raça ou de cor, determinando que ele cumpra 2 anos e 6 meses de reclusão, em regime aberto, multa de 13 dias-multa, no valor de um salário mínimo cada, e também perca sua função de vereador.
Segundo a peça da sentença, "o vereador Adilson Amadeu, em áudio do whatsapp, proferiu palavras preconceituosas aos judeus e divulgou mensagem nos seguintes termos: "(...) que é uma puta duma sem vergonhice, que eles querem que quebra todo mundo, para todo mundo fica na mão, do grupo de quem? Infelizmente também os judeus, quando eu até to até respondendo um processo, porque quando entra Albert Einstein, grupo Lide é que tem sem vergonhice grande, grande, sem vergonhice de grandeza, de grandeza que eu nunca vi na minha vida (...)", diz a reprodução.
Em reação às declarações, o texto judicial diz que: "por meio de tal narrativa, entende-se que o acusado associa o intuito de causar prejuízo financeiro à população à orquestra política de “todo mundo ficar na mão” de membros da comunidade judaica,
Na peça, a juíza ainda afirma que "o antissemitismo afeta judeus, islâmicos, negros é o engajamento do discurso de ódio. Gratuitamente você envolve uma comunidade de maneira depreciativa. Deve-se evitar esse discurso, não basta ser antirracista".
Sentença anterior e pedido de desculpas suspeito
Um processo anterior pesou na decisão proferida ontem. A juíza deixa claro que o réu já foi "condenado em primeiro grau em outra ação de crime de igual natureza", condenação que foi proferida no dia 20 de maio de 2022. O episódio anterior ocorreu em 11 de dezembro de 2019. Em uma discussão de projeto, o parlamentar xingou o colega Daniel Annenberg de “seu judeu filho da puta [...] seu bosta! Seu judeu bosta!", lembrou a juíza Catelli.
Ele foi condenado a 1 ano e quatro meses de prisão, no entanto, a pena é inferior a 3 anos de prisão, o que permitiu ao político ter a reclusão substituída pela prestação de serviços à comunidade, além de ter sido obrigado a pagar R$ 10 mil de indenização a Annemberg.
Ainda há um pedido de agravamento na sentença de ontem. No episódio anterior, a defesa de Adilson anexou prints do suposto pedido de desculpas feito pelo acusado para a Federação Israelita de São Paulo (FINESP), enviado no dia 27 de abril. Posteriormente, a entidade negou ter recebido qualquer e-mail, a mesma declaração dada pela Confederação Israelita do Brasil (Conib). As cópias apresentadas pelo réu estão sob suspeita de terem sido falsificadas e foram enviadas ao Ministério Público (MP).