O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) fez críticas ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e chamou o atual mandatário da capital paulista de 'desconhecido. A declaração foi dada neste sábado (5) durante o evento que lançou o apoio do PT à sua pré-candidatura à prefeitura.
Boulos disse ter orgulho de ser ligado a causa da moradia e disse que gostaria de fazer uma comparação de currículos com Ricardo Nunes. O parlamentar ainda afirmou que a população não conhece o prefeito de São Paulo, em resposta as declarações de Nunes que o chamou de "espantalho eleitoral".
"Eu quero muito fazer uma contraposição de biografias com o prefeito Ricardo Nunes [MDB], que aliás é prefeito e a maioria da cidade não conhece. Se ele andar na Praça da Sé durante o dia, difícil que alguém saiba que ele é o prefeito de São Paulo."
"De onde ele veio? Qual é a procedência do Ricardo Nunes? Qual é a biografia do prefeito Ricardo Nunes? Eu estou ansioso para fazer um contraponto de biografia com ele", afirmou Boulos no evento, que contou com a presença de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT, partido que está apoiando a canditatura de Boulos.
Críticas às políticas públicas sobre pessoas em situação de rua
No lançamento da candidatura, Boulos ainda aproveitou para criticar o abondono do centro da cidade e a situação das pessoas em situação de rua, em especial as frequentadoras da Cracolândia.
"Hoje temos [cerca de] 53 mil pessoas morando nas ruas de São Paulo e a zeladoria da cidade está abandonada. É lixo para todo lado, são as praças virando matagal, são as calçadas esburacadas. Por que não criar uma frente de trabalho, pegar essas pessoas, dar uma nova chance, dar uma oportunidade para que reconstruam suas vidas e ao mesmo tempo melhorar a condição de vida na cidade de São Paulo?", indagou.
"Nós ainda vamos construir um programa de governo", prometeu Boulos na sequência. "Tem tempo para isso e vamos fazer isso dialogando com o PT, com o PSOL, com o PCdoB, com a Rede, com o PV, com o conjunto dos partidos que queremos trazer para construir conosco essa frente e dialogando com a sociedade."
O deputado federal ainda chamou de "desumanidade" a forma como o tema população de rua é encarado na cidade de São Paulo: "a completa demagogia que a gente vive em relação à Cracolândia, que não está boa para ninguém, isso precisa ser mudado."
Vice será do Partido dos Trabalhadores
Na coletiva Boulos ainda garantiu que "existe um entendimento de que o vice ou a vice será do Partido dos Trabalhadores [PT]".
"Está pactuado. Agora, nós não temos pressa para tomar essa definição. Nós queremos tomar essa definição mais para frente. Agora o momento é de construir um grande movimento por São Paulo."
O nome de Boulos já era cotado desde as eleições de 2022, quando ele pleiteou a candidatura ao governo de estado de Sao Paulo, mas desistiu após uma negociação em prol da candidatura de Fernando Haddad (PT).
O apoio petista a Boulos é uma tentativa de fazer frente ao núcleo bolsonarista que tende a apoiar o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), na disputa do ano que vem. O partido aposta na imagem que Boulos construiu nas eleições de 2020, quando chegou ao segundo turno contra Bruno Covas (PSDB), e perdeu por uma diferença de 1 milhão de votos.
"Tenho muito orgulho de hoje ser pré-candidato apoiado pelo presidente Lula, o melhor presidente da história desse país. Tenho certeza, como conversamos, de que ele estará conosco. Claro, nos limites da liturgia porque ele sim se preocupa com a liturgia do cargo, diferente do ex-presidente", declarou Boulos.
Clã Tatto resistente
A cúpula formada pelos irmãos Tatto ficou insatisfeita com o apoio do partido a Guilherme Boulos. Para eles, o PT ficará enfraquecido se não lançar um candidato próprio.
A expectativa era que a legenda indicasse um dos irmãos para a disputa pela prefeitura. Nos bastidores, a ideia seria lançar Jilmar Tatto, que disputou o cargo em 2020. Entretanto, a campanha petista foi aquém do esperado e ficou apenas na sexta colocação.
Questionado se já houve uma conversa com Jilmar, Boulos afirmou que não, mas que tem convicção de que "Tatto, deputado federal, meu colega na Câmara dos Deputados, estará conosco na campanha."
"O que há de mais rico em partidos que têm vitalidade, que têm vida real, é você ter debate e é natural que nosso debate tenha divergência. Mas quando se define, todo mundo vem junto", afirmou o pré-candidato.