O primeiro dia de reabertura do atendimento presencial em bares e restaurantes na capital paulista nesta segunda-feira foi de movimento fraco e improvisos. Mesmo na hora do almoço estabelecimentos em áreas de grande fluxo de pessoas, como o centro da cidade, não tiveram registro de aglomerações.
O que variou bastante foi o nível de preparação dos restaurantes para voltarem a receber público para o consumo de alimentos no local. A reportagem circulou por bairros de diferentes perfis nesta segunda. No centro da cidade, estabelecimentos mais populares e menores abriram no improviso. Houve restaurantes no sistema self-service descumprindo a orientação de disponibilizar um funcionário para servir os clientes. Nem todos tinham álcool em gel nas mesas.
Essas são duas de várias exigências do protocolo assinado entre a prefeitura e a categoria de bares de restaurantes para uma reabertura responsável do comércio durante a pandemia.
— Estamos ainda ajustando as coisas. Até sábado a gente estava apenas vendendo marmitex. Hoje o movimento ainda está devagar mas já é melhor do que quando estava com o salão fechado — disse a gerente do restaurante Maria José.
O local não tinha as mesas a dois metros de distância uma das outras como outros tantos estabelecimentos visitados nesta tarde. Em outro restaurante perto dali, um funcionário na porta tentava se entender com o termômetro digital para medir a temperatura da clientela que queria almoçar no salão.
— Parou de novo — queixava-se a garçonete.
O uso de termômetro não é obrigatório pelos estabelecimentos para abrir ao público. A falta de espaço e a incerteza sobre os custos da reabertura fizeram muitos locais continuarem de portas fechadas. No centro da cidade, uma doceria tradicional portuguesa não abriu. O proprietário de uma hamburgueria a poucos metros da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovesp) liberou o atendimento presencial mas cheio de preocupações.
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— Não sabemos como a clientela vai reagir a essa reabertura e se o movimento virá na proporção do aumento de gasto para reabrir a casa. O aluguel vai continuar com desconto ou o dono do imóvel vai querer voltar ao valor normal? Essa é uma das preocupações — afirmou Arnaldo Mauês, que abriu o negócio e outubro e, menos de seis meses depois, teve que restringir o funcionamento apenas para entregas por causa da pandemia do novo coronavírus.
No bairro da Vila Madalena, famoso pelos bares, somente uma minoria arriscou ontem abrir para o almoço. Ainda está vedado o atendimento ao público à noite.
A partir das 17 horas continua permitido somente o atendimento por delivery ou retirada. O protocolo fala ainda em capacidade máxima de ocupação dos estabelecimentos de 40%, oferta de álcool em gel para os clientes, uso de viseira de acrílico pelos funcionários e proibição de atendimento em calçada.
— Estamos seguindo todas as normas estabelecidas no protocolo. Mas algumas delas não fazem muito sentido para nós. Qual a diferença de ficar aberto por seis horas de manhã ou à noite? Por que essa não pode ser uma escolha do estabelecimento. Eu preferiria abrir das 4 da tarde até 10 da noite. Eu respeitaria do mesmo jeito todos os protocolos — disse o sócio de um dos maiores bares do bairro Humberto Munhoz.
Pertencente a um grupo de empresários com negócios em São Paulo e Rio de Janeiro, o local estava todo adequado, com cardápios virtuais, álcool em gel nas mesas, distanciamento respeitado.
O clima entre clientes nos restaurantes foi heterogêneo nessa reabertura. Houve quem decidiu deixar o escritório e almoçar num restaurante depois de três meses de almoços improvisados. No mesmo estabelecimento, outra cliente preferiu levar marmita para viagem.
—Comer na mesa é um milagre. Estava sendo apenas lanches rápidos no almoço porque o refeitório do escritório fechou e não tinha onde comer — contou a analista de cobrança Raquel Carvalho, que chegou por volta das 13 horas em um restaurante que frequentava antes da pandemia, acompanhada por uma colega de trabalho.