
A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) prendeu uma mulher suspeita de mandar matar o próprio pa i com uma feijoada envenenada em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
A ação foi realizada nesta terça-feira (7), por agentes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), em parceria com a Polícia Civil de São Paulo. O ocorrido foi confirmado pela PCERJ ao Portal iG.
A mulher foi identificada como Michele Paiva da Silva, de 43 anos. A vítima do crime, que teria acontecido em abril deste ano, é Neil Corrêa da Silva, de 65.
Segundo as investigações, Neil morreu horas após comer a refeição, preparada pela filha na casa onde morava. O laudo médico apontou insuficiência respiratória aguda, parada cardiorrespiratória e crise convulsiva, mas a polícia suspeita de envenenamento.
Para confirmar a hipótese, o corpo do idoso passa por exumação nesta quinta-feira (9), no Cemitério Memorial do Rio, em Cordovil.
No dia da prisão, Michele foi surpreendida pelos agentes enquanto chegava a uma universidade no bairro do Engenho Novo, na zona norte do Rio. Ela foi levada para a sede da DHBF e a prisão temporária foi decretada pela Justiça de São Paulo - pois o caso na Baixada Fluminense pode ter relação com outros homicídios ocorridos em Guarulhos (veja mais abaixo).
Em depoimento, Michele negou envolvimento e chorou ao chegar à delegacia. Segundo a Polícia Civil, as investigações continuam para definir o tipo de substância usada na feijoada e apurar se outras pessoas participaram da morte de Neil.
"Uma pessoa presa em São Paulo denunciou Michele como uma das partícipes da morte do pai", disse o delegado Renato Martins ao jornal O Globo. "As suspeitas são de que a feijoada servida à vítima continha veneno", completou.
Série de homicídios
Segundo o delegado Renato Martins, da DHBF, a conexão entre a morte do idoso no Rio com os crimes em Guarulhos foi descoberta após a prisão de Ana Paula Veloso Azevedo, amiga de Michele, que confessou ter participado de quatro mortes por envenenamento, inclusive a de Neil.
De acordo com as investigações, Michele contratou Ana Paula para matar o pai - para isso, financiou a viagem da amiga de São Paulo ao Rio. Segundo o delegado Halisson Ideiao, responsável pela investigação em SP, as duas trocaram mensagens em que falavam sobre "uma feijoada para o pai de Michele".
"Ana Paula Veloso foi até a nossa delegacia por causa de um suposto bolo envenenado dentro de uma faculdade. Ela colocou esse suposto bolo envenenado para tentar incriminar uma terceira pessoa. Por este inquérito, chegamos à conclusão de que Ana Paula não era vítima nesse caso, mas sim uma serial killer", declarou o delegado ao g1.
Ainda conforme o delegado, Ana Paula chegou a testar os efeitos do veneno em dez cachorros, com chumbinho e terbufós, um agrotóxico de alta toxicidade. Ela matou todos os animais.
"Ela sabia exatamente o tempo e a dosagem. Agia de forma calculada", disse o investigador, que a definiu como uma "psicopata".
A polícia paulista também apura a participação da irmã gêmea de Ana Paula, Roberta Veloso, suspeita de ter dado "apoio moral e material" nos crimes.
Agora, a polícia tenta confirmar a ligação entre os quatro homicídios atribuídos a Ana Paula e investiga os supostos mandantes de cada um deles.
Nota da PCERJ
Policiais civis da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF), em ação conjunta com policiais civis de São Paulo, prenderam uma mulher, nesta terça-feira (07/10), por envolvimento na morte do próprio pai. Ela foi capturada enquanto chegava em uma universidade, no bairro de Engenho Novo, Zona Norte do Rio.
De acordo com as investigações, a vítima morreu após ser envenenada, em abril deste ano, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Segundo investigação integrada entre os estados, o homicídio do homem está relacionado com outros três assassinatos ocorridos em Guarulhos, São Paulo. Todos os crimes são atribuídos ao mesmo núcleo de investigados.
Após trabalhos de inteligência das unidades, a criminosa, filha de uma das vítimas, foi identificada como integrante do grupo criminoso. Diante dos fatos, ela foi localizada e, contra ela, foi cumprido um mandado de prisão temporária.