A Promotoria de Justiça de Santos, vinculada ao Ministério Público de São Paulo, denunciou o deputado federal Carlos Alberto da Cunha (PP-SP), conhecido como Delegado Da Cunha,
pelos crimes de lesão corporal decorrente de violência doméstica, ameaça e dano qualificado. A informação é do jornal Folha de São Paulo.
A denúncia vem após a namorada, a nutricionista Betina Grusiecki, acusá-lo de agressão, na semana passada. O caso foi registrado na 2ª DDM (Delegacia da Defesa da Mulher), na Zona Sul de São Paulo.
Ela também afirma ter recebido ameaças do deputado, e diz ter ficado desacordada após uma agressão.
Segundo o MPSP, Da Cunha "agarrou" Betina, "com violência, bateu a cabeça dela contra uma das paredes do imóvel". Ele também teria apertado o pescoço da nutricionista, fazendo com que ela desmaiasse, antes de bater a cabeça dela mais uma vez contra a parede.
A nutricionista disse no boletim de ocorrência que o deputado arremessou um secador de cabelos contra ela e proferiu as palavras: “Vou encher de tiros a sua cabeça, vou te matar e vou matar sua mãe”. Além disso, ele teria quebrado os óculos e destruído roupas da mulher.
O juiz Leonardo de Mello Gonçalves, da 2ª Vara Criminal de Santos, determinou que o caso vá para o Supremo Tribunal Federal (STF), devido ao mandato parlamentar de Da Cunha. O STF deve julgar onde o caso irá tramitar.
A promotoria defende que o acusado não tem foro privilegiado, neste caso, pois o crime que lhe é imputado não integra o âmbito das funções na Câmara dos Deputados.
À Folha de SP, os advogados de Da Cunha negaram que ele tenha praticado crime. "A defesa de Carlos Alberto da Cunha rechaça todos os fatos constantes na denúncia oferecida pelo Ministério Público e provará sua inocência nos autos da ação penal", afirmou a defesa, em nota.
Ao g1, a defesa do deputado confirmou que houve discussão no dia do aniversário da mulher, mas negou violência física.
O deputado também é investigado por enriquecimento ilícito e abuso de autoridade, acusado de utilizar a estrutura da Polícia Civil para gravar vídeos de operações oficiais exibidos em redes particulares.
Da Cunha chegou a ser afastado de suas funções em julho de 2021, por peculato, que consiste no crime de apropriação, por parte de um funcionário público, de um bem a que ele tenha acesso por causa do cargo que ocupa, em benefício próprio ou de outras pessoas.
O "policial youtuber" chegou a ter sua arma e distintivo recolhidos, mas os itens foram devolvidos para Da Cunha em julho. Agora ele é apenas deputado, já que não se pode acumular as duas funções.