Médico anestesista foi indiciado por estupro de vulnerável pela Polícia Civil do RJ
Reprodução/Redes Sociais - 13.07.2022
Médico anestesista foi indiciado por estupro de vulnerável pela Polícia Civil do RJ

Além de anestesiologista, Giovanni Quintela Bezerra, preso em flagrante por estupro durante um parto no último domingo , atuou como clínico, ginecologista, obstetra e médico mastologista. Os dados constam no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) e contam três anos da história profissional do médico em sete unidades de saúde na cidade.

Giovanni Bezerra começou a sua carreira como residente no Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI) em abril de 2019, e ficou até maio de 2020. O hospital informou que, como residente, Bezerra esteve assistido e acompanhado por um profissional em todos os procedimentos. Após o período de residência, o médico continuou prestando serviço ao hospital da Baixada até fevereiro deste ano. Depois da prisão no último domingo, o HGNI disse que fará um levantamento dos procedimentos que o médico participou, além de conversar com os pacientes para saber se houve algum problema.

Em junho de 2020, o médico começou a atuar na clínica de ginecologia e mastologia do seu pai, da qual é sócio. Dados do CNES mostram que o anestesista trabalhou como mastologista, ginecologista e obstetra de junho de 2020 até o mês passado.

Ocupando duas salas de um prédio comercial em Vila Isabel, a placa presa na porta de madeira exibe apenas o nome do pai de Giovanni Bezerra. Apesar dos registros, o anestesista parece ser um fantasma da clínica que oferece videohisteroscopia, vídeo laparoscopia, mastologia e ginecologia. Pessoas que preferiram não se identificar disseram ao jornal que, apesar de constar como sócio e ter vínculo empregatício como pessoa física na clínica, pessoas que trabalham no prédio dizem que o anestesista nunca foi visto trabalhando no local.

A equipe do GLOBO esteve na clínica duas vezes durante essa semana e encontrou o estabelecimento fechado. Os telefones indicados na porta chamam, mas ninguém atende. A partir desta sexta-feira, a clínica entrará em obra e não tem previsão para voltar a funcionar. Enquanto isso, o país do médico tem ido até o local em que ele morava sozinho de aluguel na Avenida Lúcio Costa, na Barra da Tijuca, para desocupar o imóvel. Sempre cedo, entre 6h e 7h, eles chegam com um semblante sério e saem sem falar com ninguém. O pedido para liberar o apartamento o mais rápido possível veio do proprietário, que ficou chocado com o crime.

O GLOBO procurou uma segunda clínica particular que consta no CNES como local de trabalho do médico. Lá,secretárias e médicos, que preferiram não se identificar, negaram vínculo com Bezerra. Ao serem questionados sobre o registro do CNES, um dos donos da clínica disse que o “estabelecimento pode ter sido utilizado para pagar plantões do Hospital Getúlio Vargas” e preferiu não dar mais detalhes.

Em três anos de medicina, o anestesista atuou em pelo menos dez hospitais públicos e privados. Os hospitais Copa Star e Barra D’Or, Rio Mar e Balbino informaram ao GLOBO que o cadastro de Giovanni como médico assistente está suspenso até a conclusão do inquérito policial. A Unimed-Rio informou que vetou qualquer possibilidade de atuação do médico em suas unidades. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) disse que o Bezerra prestava serviço há seis meses como pessoa jurídica para os hospitais estaduais da Mãe, da Mulher e Getúlio Vargas e que as unidades estão em contato com a Polícia Civil para colaborar com as investigações.

O Hospital de Clínicas Mário Lioni decidiu pelo cancelamento imediato do credenciamento de Giovanni como prestador de serviços na unidade.


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