O anestesista Giovanni Quintella Bezerra foi preso em flagrante ainda usando a roupa de médico
Reprodução/TV Globo - 11.07.2022
O anestesista Giovanni Quintella Bezerra foi preso em flagrante ainda usando a roupa de médico

O anestesista Giovanni Quintella Bezerra estava escalado para o plantão de emergência do Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, no domingo (10), dia em que foi preso em flagrante após estuprar uma mulher durante uma cirurgia de cesárea no Hospital da Mulher , de São João de Meriti, na Baixada Fluminense.

De acordo com o Sistema Informatizado de Controle de Escalas de Serviço da Secretaria estadual de Saúde, Bezerra integrava uma equipe de quatro anestesistas escalados para o plantão de 12 horas, com início às 19h de domingo até as 7h de segunda-feira.

Durante esse horário, o anestesista abusou de uma paciente enquanto ela estava dopada e passava por uma cesárea. Mulheres da equipe que fazia a operação suspeitaram do comportamento do médico e o filmaram com um celular escondido. A gravação registrou o homem colocando o pênis na boca de uma paciente quando ele participava do parto dela.

Esse foi o terceiro procedimento cirúrgico em que Giovanni participou no plantão Hospital Estadual da Mulher Heloneida Studart. O GLOBO pediu acesso à escala do hospital, mas ainda não obteve resposta.

Giovanni Bezerra atuou em pelo menos 10 hospitais públicos e privados. Os hospitais Copa Star e Barra D’Or, Rio Mar e Balbino informaram ao GLOBO que o médico “não faz parte de seus quadros funcionais e que o seu cadastro como médico assistente está suspenso até a conclusão do inquérito policial.”

A Unimed-Rio informou que Bezerra "não é médico cooperado nem colaborador das unidades de nossa rede própria. No entanto, sua especialidade permite que ele atue como integrante de equipes cirúrgicas nas mais diversas unidades hospitalares, inclusive as nossas, em situações pontuais." A rede informou que desde o conhecimento do caso, vetou qualquer possibilidade de atuação do médico em suas unidades.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) disse que o Bezerra não é servidor do estado e que “prestava serviço há seis meses como pessoa jurídica para os hospitais estaduais da Mãe, da Mulher e Getúlio Vargas. As unidades estão em contato com a Polícia Civil para colaborar com as investigações.”

Outros dois hospitais apontados como locais de trabalho por Bezerra em sua rede social também foram procurados, mas não retornaram o contato.

O Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI) informou que Bezerra foi médico residente por concurso público federal de março de 2019 a fevereiro de 2022, por meio do programa de residência médica do Ministério da Saúde. "Por ser residente, nos procedimentos em que participou, esteve assistido e acompanhado por um profissional, não atuando sozinho. Durante este período, não foi registrada nenhuma irregularidade ou denúncia sobre seu comportamento na unidade."

O GLOBO questionou se os hospitais particulares preveem a abertura de uma sindicância para apurar as cirurgias em que o médico anestesista preso por estupro participou, mas ainda não teve resposta.

Outras vítimas

Até agora, três mulheres que dizerem que fizeram parto com o especialista prestaram depoimentos na Deam de São João de Meriti. Para a Polícia Civil, tudo leva a crer que ele abusou de duas outras pacientes entre a tarde e noite de domingo.

De acordo com Bruno Rocha Nunes, advogado da Fundação Saúde, que administra o Hospital da Mulher, todos os profissionais de saúde que estavam no momento do abuso prestarão esclarecimentos à polícia.

"Seis enfermeiros e técnicos da equipe prestaram depoimento hoje. Além de duas médicas e algumas vítimas. Esses técnicos e enfermeiros participaram dos partos do domingo. Todos eles são do Hospital da Mulher. (Quando o crime acontece) Eles não acreditam ao pegarem o vídeo, posteriormente. Eles levaram as imagens para os superiores, que trouxeram para a delegacia", disse Rocha Nunes.

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