A quadrilha que invadiu um dos shoppings mais luxuosos da cidade, no início da noite do último sábado, dia 25, tinha como alvo não só joias, mas principalmente os relógios de grife que estavam no cofre. Pelo menos quatro homens armados com pistolas renderam os funcionários da joalheria Sara Joias, no Village Mall, na Barrada Tijuca, às 18h13. Em quatro minutos, encheram sacolas com as peças e fugiram. Antes, atiraram na vitrine da loja, fizeram clientes de escudo e, na fuga, mataram o segurança Jorge Luiz Antunes, que estava desarmado, com um tiro no rosto. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) apura o caso.
De acordo com as investigações, dez criminosos, no mínimo, chegaram ao shopping horas antes do roubo. Eles acompanharam a movimentação de clientes e seguranças e três deles se sentaram em um quiosque de café em frente a joalheria - um chegou a tomar capuccino.
Segundo testemunhas, em determinado momento, eles renderam os dois atendentes e caminharam com eles até a Sara Joias, uma das principais representantes no Brasil de grandes marcas de relógios de luxo. Dentro da loja, os criminosos — um quarto se juntou ao grupo — colocaram os funcionários também sob a mira de armas e caminharam com eles até o cofre da joalheria, exigindo que lhes fossem entregues os relógios mais caros, mencionando especificamente as marcas Rolex e Cartier. Há modelos no mercado que custam mais de R$ 100 mil.
De acordo com policiais militares do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes), que atenderam ao chamado, os bandidos fugiram pela Avenida das Américas em direção à Rua Luís Carlos Prestes, alguns metros adiante à direita, e então acessaram em seguida a Avenida Ayrton Senna. A via dá acesso à Linha Amarela, que pode ter sido escolhida pelos bandidos como rota de fuga.
Durante a ação dos criminosos, as lojas do Village Mall fecharam as portas, abrigando os frequentadores, e algumas chegaram até a apagar a luz. Em postagens nas redes sociais, clientes narraram que foram ouvidos pelo menos 50 disparos em um intervalo de poucos minutos. Em fotos publicadas nas redes sociais, aparecem bandidos armados em fuga pelo corredor e pessoas rendidos, além de uma mulher como refém.
No fim da noite de sábado, após todos terem sido liberados, profissionais do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) realizaram uma perícia na joalheria e nos corredores próximos. Eles analisaram e recolheram os estojos de munição deixados pelos criminosos. O objetivo é entender a dinâmica do latrocínio (roubo seguido de morte) e identificar os bandidos envolvidos. Uma moto abandonada pelo bando no estacionamento também foi periciada.
Na tentativa de ajudar na identificação da quadrilha, o Disque-Denúncia divulgou um cartaz ontem oferecendo recompensa de R$ 50 mil por informações que levem ao paradeiro dos bandidos. Em nota, a assessoria do Village Mall afirmou que “está colaborando com as autoridades e confiando que a polícia resolva esse triste acontecimento”.
Quadrilhas especializadas no roubo de relógios de grife já agiram em outros pontos do Rio. Em março do ano passado, oito pessoas assaltaram uma loja especializada em modelos de alto luxo no Barra Shopping. Na fuga, um dos ladrões foi baleado — ele estava com uma pistola e duas granadas. O bando era formado por dois homens e uma mulher, que saiu da loja com dezenas de relógios numa bolsa. Vendedores acionaram um alarme em seguida, e houve troca de tiros com seguranças, para desespero de quem estava no shopping.
A mesma joalheria invadida no último sábado teve a filial de Ipanema, na Rua Garcia D’Ávila assaltada em abril de 2019. Funcionários foram surpreendidos pela ação de seis bandidos, que quebraram a porta de vidro e renderam os dois seguranças à luz do dia. Os assaltantes chegaram ao local em três motocicletas e um carro. Segundo informações da Polícia Militar, na época, os criminosos levaram cerca de 50 relógios que estavam no mostruário. Eles tinham conhecimento sobre o funcionamento da joalheria e agiram rapidamente.