Diante da tragédia das chuvas em Petrópolis, na Região Serrana, que já deixou mais de 130 mortos e 213 desaparecidos, a Secretaria municipal de Educação adiou o retorno das aulas. Em nota, informou que, devido ao estado de crise em decorrência do temporal que atingiu a cidade, na última terça-feira, dia 15, a previsão para o retorno das aulas de toda a rede municipal de ensino é para após o carnaval. A prefeitura, no entanto, ainda não definiu a data exata do retorno.
Até a noite desta sexta-feira, 19 escolas da rede estavam abertas funcionando como pontos de apoio para receber e acolher as famílias. Havia, também até a noite desta sexta, 967 pessoas abrigadas nas unidades.
A rede municipal de ensino em Petrópolis tem 187 escolas e 39 mil alunos matriculados, de acordo com dados do E-Cidade. Imagens gravadas por moradores no Morro da Oficina, no bairro Alto da Serra, mostram uma encosta indo abaixo, arrastando construções. Num dos vídeos, pessoas em desespero retiram às pressas crianças de dentro da Escola Municipal Vereador José Fernandes da Silva.
Prefeito assume responsabilidade parcial
Na primeira coletiva após a tragédia, o prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, reconheceu, nesta sexta-feira, que “é difícil depois de tanto tempo conseguir” encontrar pessoas com vidas debaixo dos escombros. Bomtempo disse ainda que, apesar de quatro mandatos, tem responsabilidade apenas parcial sobre a catástrofe.
— Foi feito muito nos nossos mandatos, a nossa responsabilidade é parcial. Quem não fez as obras foram os governos federal e estadual. Compramos os terrenos (para realocar as famílias retiradas das casas após 2011 e 2013) e eles não fizeram as obras — disse o prefeito, usando como justificativa o tempo que ficou fora do governo. — Eu fiquei cinco anos fora. Cheguei há menos de um mês, não vou julgar os outros antecessores. Eu queria ter feito mais, e não pude. Tem limitações. Em relação a valores para a reconstrução, não vou dizer. Tenho que esperar a avaliação dos estragos.
Bolsonaro visita cidade
O presidente Jair Bolsonaro visitou Petrópolis na manhã desta sexta e descreveu as imagens que viu como um cenário de "quase guerra". O presidente também disse que entendia as críticas da população pelos problemas recorrentes na região causados por chuvas e afirmou que obras de infraestrutura seriam "bem-vindas" na cidades, mas que não seriam suficiente para evitar as mortes causadas pelo temporal que atingiu a cidade na terça-feira. De acordo com o presidente, o volume de água foi tão grande que mesmo que "tudo estivesse arrumadinho" ainda teria acontecido uma "catástrofe".
— Então, obviamente obras de infraestrutura, de contenção de encostas são bem-vindas. Mas mesmo, no meu entender, se em Petrópolis tudo estivesse arrumadinho, logicamente não ia morrer tanta gente, a catástrofe ia menor, mas não ia deixar de ser uma catástrofe. Porque realmente o chovido lá, semelhante foi 90 anos antes — disse o presidente, em transmissão ao vivo em redes sociais.
Nesta sexta-feira, uma nova lista com a identificação de parte dos 136 mortos foi divulgada pela Polícia Civil. O registro de desaparecidos, segundo a Delegacia de Descoberta de Paradeiros (DDPA), quase dobrou, e agora passa de 116 para 213.
A Polícia Civil confirmou que o Instituto Médico Legal (IML) recebeu os corpos de 81 mulheres e 50 homens. Do total, 22 são menores. Foram identificados 89 corpos (conforme lista abaixo) e 69 liberados. Vinte corpos identificados ainda aguardam documentos do cartório para serem enterrados. As três últimas vítimas fatais encontradas ainda não foram incluídas na contagem de óbitos confirmados pela Defesa Civil. A chuva foi a mais forte na cidade em ao menos 90 anos.