Um incêndio de grandes proporções destruiu o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, zona norte do Rio de Janeiro. O fogo começou por volta das 19h30 deste domingo (2) e durou até às 2h da madrugada desta segunda-feira (3). Bombeiros continuam realizando o trabalho de rescaldo nesta manhã.
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Também foi iniciada uma inspeção no Museu Nacional , feita por técnicos da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros na manhã desta segunda-feira, para calcular o tamanho dos estragos e descobrir se alguma peça do acervo ainda pode ser salva.
Segundo a assessoria de imprensa da instituição, não há registro de feridos. Três vigilantes estavam no local, mas conseguiram sair a tempo. As causas do incêndio, que começou depois do horário de fechamento para visitantes, ainda serão investigadas. Não se sabe também quanto do acervo do local resistiu às chamas.
De acordo com os bombeiros, os hidrantes do museu estavam sem pressão, o que dificultou o trabalho dos profissionais para controlar o incêndio
, uma vez que eles tiveram que buscar mais água nas proximidades do incêndio.
Roberto Robadey, Comandante do Corpo de Bombeiros, afirmou que o museu estava em situação irregular junto à coorporação. "Há cerca de 1 mês a organização do Museu entrou em contato com nosso pessoal e teriam conseguido recursos. Eles queriam se regularizar junto ao Corpo de Bombeiros, mas não deu tempo", disse.
Os funcionários do museu , no entanto, se mostraram mais pessimistas e lamentaram o ocorrido . "Conseguimos entrar e retirar pouca coisa. Logo depois, tivemos que sair. Acho que a perda é praticamente total", disse Sergio Azevedo, que é um dos professores do museu. Alguns pesquisadores conseguiram retirar parte do acervo de dentro do prédio antes do fogo se alastrar.
Reitor questiona trabalho dos bombeiros
O reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Leher, também lamentou incêndio que acometeu o museu, que era vinculado à universidade. "Para o país, é uma perda imensa. Aqui temos a nossa memória. Grande parte do processo de constituição da história moderna do Brasil passa pelo Museu Nacional. Este incêndio sangra o coração do país", afirmou.
No entanto, o reitor também aproveitou para apontar possíveis culpados pela tragédia e criticou os bombeiros. “Reconhecemos o trabalho valoroso do Corpo de Bombeiros, mas a forma de combate ao incêndio não foi da mesma proporção e escala do incêndio. Percebemos claramente que faltou uma logística e uma capacidade de infraestrutura”, disse Leher.
Ele também deu a entender que os cortes recentes no orçamento das universidades federais também seria responsável pelo acontecido. “Num contexto como esse, todas as unidades [da universidade] são afetadas”, explicou.
Políticos comentam incêndio
Em sua conta do Twitter, o presidente Michel Temer comentou que a perda do acervo do Museu Nacional é "incalculável" e que é um dia triste para todos os brasileiros.
Na mesma rede social, o presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, também publicou sobre o incêndio no prédio da Quinta da Boa Vista. Para o tucano, a tragédia "agride a identidade nacional" e "entristece todo o país".
História do Museu Nacional
Criado em 6 de junho de 1818 por D. João VI, o Museu Nacional é uma instituição autônoma, integrante do Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e vinculada ao Ministério da Educação.
O museu, que já foi residência da família real portuguesa, contém um acervo histórico de cerca de 20 milhões de itens que vão desde a época do Brasil Império. Em exposição, estavam a coleção egípcia, que começou a ser adquirida po D. Pedro I; a coleção de arte da Imperatriz Teresa Cristina; e o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizado de "Luzia".
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Apesar de sua importância cultural e histórica, o Museu Nacional também foi afetado pela crise financeira da UFRJ e está há pelo menos três anos funcionando com orçamento reduzido. A instituição chegou a anunciar uma "vaquinha virtual" para arrecadar R$ 100 mil e reabrir a sala mais importante do acervo, onde fica a instalação do dinossauro Dino Prata.
*Com informações da Agência Brasil