
A Polícia Federal (PF) cumpriu mandados judiciais relacionados à disseminação de um vírus que ameaça as Ararinhas-Azuis (Cyanopsitta spixii), espécie criticamente ameaçada de extinção.
De acordo com a PF, a investigação revelou indícios de que empresas e pessoas físicas ligadas ao programa de reintrodução da Ararinha-Azul, no município de Curaçá (BA), descumpriram protocolos sanitários obrigatórios.
Com isso, teria sido possível a entrada e propagação do circovírus aviário ( PBFD), doença altamente contagiosa e sem tratamento. Além disso, o vírus também é capaz de comprometer a sobrevivência da espécie e afetar outras aves da Caatinga.
Ainda foi constatado que houve resistência às medidas emergenciais determinadas pelo ICMBio, como isolamento sanitário, testagem contínua e recolhimento de aves de vida livre.
Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em endereços nos municípios de Curaçá (BA) e Brasília para apreensão de aves e dispositivos eletrônicos. As ações foram autorizadas pela Vara Federal da Subseção Judiciária de Juazeiro (BA).
Os investigados estão sujeitos a responder pelos crimes de disseminação de doença que ameaçam causar dano à fauna, morte de animais silvestres e obstrução de fiscalização ambiental.
Ararinhas ameaçadas
No fim de novembro, o Ministério do Meio Ambiente confirmou que as 11 últimas Ararinhas-Azuis (Cyanopsitta spixii) que viviam livres na natureza, na zona rural de Curaçá, na Bahia, estavam contaminadas com um vírus letal, o circovírus.
As Ararinhas-Azuis foram soltas na natureza em 2022, depois de serem repatriadas da Europa e mantidas no Criatório para Fins Conservacionistas do Programa de Reintrodução da espécie, em Curaçá (BA).
Na ocasião, o ICMBio informou ao Portal iG que, após a confirmação de circovírus em uma Ararinha-Azul, em maio deste ano, o instituto instaurou um Sistema de Comando de Incidentes para conduzir a chamada Emergência Circovírus, com o objetivo de conter a propagação do vírus entre as Ararinhas-Azuis e outras aves da região.
Após diversas vistorias técnicas realizadas em conjunto com o Inema e a Polícia Federal (PF), o ICMBio constatou que o Criadouro para Fins Científicos do Programa de Reintrodução da Ararinha-Azul não vinha cumprindo os protocolos de biossegurança.
Diante disso, foi emitida uma lavratura de notificação e, após a constatação de seu descumprimento, foi lavrado um auto de infração contra o criadouro e seu diretor, com multa de cerca de R$ 1,8 milhão.
O criadouro, anteriormente conhecido como Blue Sky, também foi alvo de autuação do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema), em valor próximo a R$ 300 mil.
O Portal iG não conseguiu localizar o representante do criadouro para comentar sobre o assunto. O espaço segue aberto para manifestações.