Em 13 de setembro de 1987, Goiânia foi palco do maior acidente radiológico do mundo fora de uma usina nuclear. O episódio começou quando dois catadores encontraram um aparelho de radioterapia abandonado no antigo Instituto Goiano de Radioterapia. Dentro dele, estava uma cápsula de Césio-137, um pó radioativo que logo se espalhou pela cidade, contaminando famílias inteiras sem que elas soubessem do perigo.
Entre as vítimas, ficou marcada a história de Leide das Neves, de apenas 6 anos, que ingeriu partículas do material e morreu semanas depois. Sua morte, assim como a de Maria Gabriela Ferreira, Israel Baptista dos Santos e Admilson Alves de Souza, simboliza a dimensão da tragédia. Ao todo, 249 pessoas apresentaram contaminação significativa, e mais de 110 mil passaram por exames e triagem.
A descoberta do risco só aconteceu em 29 de setembro, quando o alerta de radiação levou milhares ao Estádio Olímpico para descontaminação. Casas, ruas e até toneladas de solo precisaram ser removidos, em um processo doloroso que mudou para sempre a vida da capital goiana.
Hoje, quase quatro décadas depois, a tragédia segue lembrada como um marco da necessidade de rigor na segurança radiológica e no descarte de materiais perigosos.
Em 2025, a Assembleia Legislativa aprovou novas medidas para garantir atendimento médico contínuo às vítimas, incluindo acompanhamento psiquiátrico, reconhecendo que as cicatrizes deixadas pelo Césio-137 vão muito além das físicas.