O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto , será ouvido nesta quinta-feira pela Polícia Federal (PF) no inquérito que apura a trama golpista que tinha como objetivo manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições de 2022. O caso está sendo investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) , sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.
Valdemar Costa Neto foi indiciado no mês passado, juntamente com Bolsonaro e outros 35 indivíduos, por tentativa de golpe de Estado, abolição do Estado democrático de direito e organização criminosa. A PF o questionará sobre sua participação na ação que buscava questionar a lisura do processo eleitoral de 2022.
O relatório final da PF afirma que Valdemar e Bolsonaro agiram de forma dolosa — ou seja, com intenção — ao peticionar na Justiça Eleitoral um pedido para a anulação de votos de milhares de urnas. A PF destacou que os investigados tinham plena ciência de que os “argumentos técnicos” usados como fundamento para a ação eram falsos, não provando qualquer fraude ou irregularidade no sistema das urnas eletrônicas.
Após a derrota de Bolsonaro, o PL entrou com uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo a anulação de parte dos votos das eleições de 2022. A investigação da PF indica que o PL foi utilizado para financiar a estrutura que apoiava as narrativas de supostas fraudes nas urnas eletrônicas, com o objetivo de legitimar as manifestações que ocorreram em frente a instalações militares.
A PF aponta que o ponto culminante dessa estratégia ocorreu em 22 de novembro de 2022, quando a coligação formada pelo PL, Republicanos e Progressistas entrou com uma ação que, na prática, anularia votos de urnas das eleições de 2022. Embora a ação tenha partido da coligação, Valdemar Costa Neto foi identificado como o “principal fiador dos questionamentos”.
De acordo com as investigações, no âmbito do “núcleo de desinformação e ataques ao sistema eleitoral”, a responsabilidade de Valdemar Costa Neto foi financiar, divulgar na imprensa e endossar a ação judicial que sustentava as alegações de fraudes nas eleições.
Além disso, a PF revelou que o antigo comitê de campanha de Bolsonaro, alugado pelo PL, foi utilizado como o “QG do golpe”, sendo frequentado por apoiadores do ex-presidente que defendiam uma intervenção militar para garantir sua permanência no poder.