Cinco desembargadores foram afastados do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS) . A Operação Ultima Ratio investiga suspeitos de envolvimento em esquema de venda de sentenças.
O Banco do Brasil (BB) foi um dos mais prejudicados por essas decisões. Em 2021, uma dessas ações condenou a instituição em primeira instância a pagar R$178 milhões em honorários advocatícios em 2021. O caso ocorreu no município de Três Lagoas (MS) .
Os custos com o processo são referentes à ação judicial movida pelo BB e se iniciou em 1991, mas foi arquivado em 2018, sem condenar a outra parte do processo.
Segundo a Polícia Federal (PF), em 2020, os advogados de opção ao BB iniciaram um outro processo para exigir o pagamento de honorários advocatícios pela instituição financeira após o encerramento da execução extrajudicial.
O montante do pagamento dos honorários era estimado em cerca de R$ 126 bilhões. Como o Banco do Brasil considerou o valor alto, pediu um novo cálculo e foi condenado a pagar R$ 178 milhões, em 2021.
Dois anos depois, a instituição financeira decidiu recorrer da decisão e ajuizou a ação rescisória para extinguir os honorários. Entretanto, o TJMS, por unanimidade, decidiu manter a condenação e agora o único recurso é no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
O relator do processo contra o Banco Central, Divoncer Schreiner Maran, se aposentou recentemente e é um dos alvos da operação Ultima Ratio. O desembargador, Marcos José de Brito Rodrigues, também foi afastado junto com outros quatro pela suspeita de estarem envolvidos com o esquema.
Por decisão da justiça, o magistrado está sendo monitorado por tornozeleira eletrônica desde o dia 12 de Novembro. Também ficarão afastados por Estão afastados por 180 dias:
- Sérgio Fernandes Martins, presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul;
- Sideni Soncini Pimentel, presidente do TJ eleito para 2025 e 2026;
- Vladimir Abreu da Silva, vice-presidente eleito também para os próximos dois anos;
- Alexandre Bastos, desembargador;
- Marcos José de Brito Rodrigues, desembargador.
- Como funcionava a operação
De acordo com a PF, há “fortes indícios de venda da decisão”, principalmente por causa da presença de Divoncir Schereiner Maran e Marcos José de Brito Rodrigues, no júri. A polícia investiga se a ação favoreceu advogados de outra parte do processo.
Segundo o g1, a ação dos magistrados pode ter favorecido os advogados da outra parte do processo, Marcus Vinicius Machado Abreu da Silva e Ana Carolina Machado Abreu da Silva.
Em contato com o portal iG, a assessoria do escritório Figueredo e Velloso Advogados, no qual Marcus Vinicius e Ana Carolina fazem parte, garantiu que os dois advogados não sofreram nenhuma medida cautelar pessoal e não estão sob nenhum tipo de restrição.
Outra ação estudada pelas autoridades foi com clientes do advogado Marcus Vinicius Machado, que venceram o processo contra o BB para pagar honorários.
Além de usar tornozeleira eletrônica, os magistrados também estão proibidos de entrarem em órgãos públicos e de se comunicarem com outras pessoas investigadas. Além deles, outros servidores do judiciário, um procurador de Justiça, empresários e advogados estão entre os investigados por: lavagem de dinheiro; extorsão; falsificação e organização criminosa
O caso é responsabilidade do ministro Cristiano Zanin, do STF, após sair das mãos do ministro Francisco Falcão, do STJ, em 26 de outubro.
Com a troca de comando na investigação, todo o material apreendido, como celulares e computadores, ficará retido no STF.
Até a conclusão das investigações, os cargos dos magistrados afastados estão sendo ocupados pelos seguintes juízes convocados pelo TJMS.
Errata : ao contrário do que foi publicado na matéria, Marcus Vinicius Machado Abreu da Silva e Ana Carolina Machado Abreu da Silva não têm nenhuma medida cautelar pessoal.
Segundo o g1, o pai dos advogados, desembargador Vladimir Abreu da Silva é quem foi afastado e está sendo monitorado por tornozeleira eletrônica.